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PROJEÇÕES PARA O PIB DO SEGUNDO TRIMESTRE INDICAM QUE ECONOMIA PERDE FÔLEGO

João Paulo - 01/09/2025 07:00 - Atualizado 01/09/2025

Os dados do PIB do Brasil, serão divulgados neste terça-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo economistas entrevistados pelo Jornal O Globo, a desaceleração econômica, projetada desde o fim do ano passado, deve ter se concretizado no segundo trimestre. No primeiro trimestre, a supersafra fez o setor agropecuário subir bem, puxando o PIB para cima, que se somou ao forte consumo das famílias e aos investimentos, que vieram com resultado acima do esperado. A alta foi de 1,4% frente ao último trimestre de 2024. Agora, os serviços devem ter sustentado a atividade, impedindo uma queda no indicador.

— Será um número mais fraco, mas ainda com sinais mistos, porque alguns fundamentos apontam para expansão, principalmente com o mercado de trabalho, que continua como fator de sustentação para setores sensíveis à renda, sem falar em gastos fiscais ainda em patamares elevados, como previdência e BPC. Mas outros indicam esfriamento na esteira da política monetária apertada, tendo em vista a necessidade de controle da inflação — resume Rodolfo Margato, economista da XP, que prevê alta de 0,3% no segundo trimestre.

Pelo lado da atividade impulsionada pela renda estão os serviços prestados às famílias, uma vez que havia mais dinheiro disponível para gastar com serviços. Nesse setor, o economista Luís Otávio Leal, da G5 Partners, acrescenta que há ainda o impulso dos serviços de informação e comunicação, com a digitalização das empresas, e a corrida pela inteligência artificial gerando efeitos positivos. Para ele, o PIB deve apresentar estabilidade no segundo trimestre.

— É uma dinâmica completamente diferente da indústria, por exemplo, que depende de crédito, depende de financiamento, e aí é onde bate mais forte essa questão dos juros em 15% (ao ano, a Taxa básica de juros, Selic). E essa desaceleração da indústria, ela conversa muito bem com o que a gente viu no mercado de crédito ao longo do segundo trimestre, que foi uma perda de vigor ou aumento da inadimplência — explica ele.

A indústria deve ser uma das principais responsáveis por puxar a atividade para baixo. Embora a indústria extrativa ainda possa crescer, e indústria de transformação deve ter queda forte, uma vez que é um segmento mais sensível à política monetária restritiva. Outros setores sensíveis às condições de crédito apertadas também devem puxar a atividade para baixo, como o comércio e os investimentos. Já o consumo das famílias pode ainda apresentar certo crescimento, impulsionado pela renda, mas também limitado pelo crédito.

Embora o agro não tenha apresentado resultados ruins, a base de comparação alta do primeiro trimestre deve ter levado o setor a uma leve queda, sem safras recordes para sustentá-lo. (O Globo)

Foto: DAVID HECKER / AFP

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