“O plástico é um grande ator no caminho para a economia circular, porque tem maior volume e valor para reciclagem”. A fala foi feita por Fábio Sant’Ana, responsável por Desenvolvimento de Mercado e Novos Negócios do Cazoolo – laboratório de design de embalagens circulares da Braskem -, durante o Seminário Plástico e Políticas Públicas. Promovido pela Braskem, em parceria com o Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado da Bahia (Sindiplasba) e apoio técnico da startup SOLOS, o encontro foi realizado nesta terça-feira, 26, na Assembleia Legislativa da Bahia, em Salvador, reunindo deputados, empresas, especialistas e representantes de cooperativas de catadores de resíduos para discutir os desafios da reciclagem e o papel do plástico na economia circular.
Em sua apresentação, cujo tema foi “Desenvolvimento Econômico pela Circularidade”, Sant’Ana destacou que, apesar do papel representar 50,2% do volume triado nas cooperativas de coleta de resíduos, o plástico é responsável por 58,5% do faturamento dessas entidades, demonstrando a relevância do material na cadeia da reciclagem.
Ele falou ainda sobre as ações da Braskem para ampliação da circularidade, seja por meio do Cazoolo – com o desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis -, seja pelo desenvolvimento da cadeia pós consumo com soluções circulares com o Wenew, ou com a produção de resinas de bases renováveis, como o I’m green™ bio-based, o plástico de origem renovável da Braskem, feito a partir da cana-de-açúcar. “O material pós consumo tem valor e se bem desenhado, tem valor ainda maior, promovendo progresso para o estado, gerando impostos e desenvolvimento social, além de tirar os resíduos de aterros sanitários”, ressalta Sant’Ana.
Além de Fábio, o Seminário Plástico e Políticas Públicas contou com apresentação do advogado e professor Fabrício Soler, especialista em Direito Ambiental e Direito dos Resíduos. Em sua palestra, Soler abordou os desafios da implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. “Destaquei a necessidade do fechamento dos lixões em operação no Brasil e do gradual e progressivo processo de estruturação de sistemas de logística reversa de embalagens plásticas”, explicou o especialista em Direito Ambiental e Direito dos Resíduos.
“Ter uma discussão desta, para entender melhor como processar o plástico é de suma importância para nós catadores. Até para aprimorar o processo de reciclagem”, disse Elenildes Duarte, presidente da cooperativa Camapet, presente ao evento.
Anfitrião do Seminário na ALBA, o deputado estadual Radiovaldo Costa (PT-BA) ressaltou a extrema necessidade de, no presente, pensar a sociedade baiana do futuro. “É um debate necessário para a Assembleia Legislativa da Bahia, pois trata de conciliar preservação ambiental, desenvolvimento industrial e proteção dos empregos. Esse equilíbrio é essencial para o futuro do nosso povo”, pontuou.
Presente no debate, a gerente de Relações Institucionais da Braskem na Bahia, Magnólia Borges, destacou que a transição da economia linear para a circular depende do engajamento coletivo e apontou a meta da companhia de, até 2030, comercializar 1 milhão de toneladas de produtos com conteúdo reciclado. “Trata-se de uma meta desafiadora, no entanto é fundamental que todos os elos da cadeia participem desse esforço, viabilizando um modelo de produção e consumo mais sustentável. Para que isso aconteça, é necessário haver demanda, e atualmente a reciclagem no Brasil ainda representa um percentual muito baixo”, apontou.
O plástico no dia a dia – Versátil e acessível, o plástico consolidou-se como um dos materiais mais presentes na vida moderna. Na saúde, é indispensável em seringas, bolsas de sangue e equipamentos hospitalares. No setor alimentício, garante conservação e transporte seguro, ajudando a reduzir o desperdício. Já em áreas como a tecnologia, a mobilidade e a aviação, contribui para inovação, segurança e eficiência energética.
O desafio, no entanto, está no descarte incorreto e nos baixos índices de reciclagem. De acordo com o estudo Monitoramento dos Índices de Reciclagem Mecânica de Plásticos Pós-Consumo no Brasil, encomendado pelo PicPlast (Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico) e divulgado em outubro de 2024, o país registrou em 2023 uma taxa de 20,6% de reciclagem mecânica de plásticos pós-consumo. Já o índice de recuperação, que considera todo o resíduo consumido pela cadeia de reciclagem – incluindo as perdas do processo, que são descartadas de formas ambientalmente corretas – alcançou 24,5% no mesmo período.
No mês de junho, o Seminário Plástico e Políticas Públicas reuniu vereadores, autoridades do poder público, empresas, especialistas e representantes de cooperativas em edições realizadas nas câmaras municipais de Camaçari e Salvador. Nas duas oportunidades, o público presente pode acompanhar as palestras de Paulo Teixeira, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast); e de Saville Alves, fundadora e CEO da SOLOS.
Fotos: Gabriel Gonçalves/Divulgação