terça, 26 de agosto de 2025
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SAFRA DOS VENTOS DE 2025 É IMPACTADA PELAS CHUVAS

LUIZA SANTOS - 26/08/2025 15:47

Os geradores de energia eólica terão o desafio de enfrentar um período de ventos menos intenso este ano. A safra dos ventos, que ocorre normalmente entre junho e setembro, foi bastante favorável em 2024, mas não tem sido tão boa, principalmente porque o período de chuvas se estendeu e alcançou o período seco em áreas ao longo do litoral brasileiro. A previsão é que as precipitações devem retornar mais cedo, já no início da primavera, reduzindo assim a duração do período de ventos mais fortes, segundo a Climatempo, a maior e mais reconhecida empresa de consultoria meteorológica e previsão do tempo do Brasil e da América Latina, que fornece soluções para mais de 700 parques eólicos e solares no Brasil.

Apesar do cenário um pouco menos favorável nesse ano, a Climatempo observa algumas melhoras pontuais de intensidade dos ventos em determinados meses de 2025, como resultado de influências mais locais que trazem ganhos temporários à geração eólica.

“Existe uma correlação inversa bem marcada entre chuva e vento no Nordeste, de modo que, quando há muita chuva, os ventos tendem a ser mais fracos, já em períodos mais secos, a intensidade dos ventos costuma aumentar”, afirma a meteorologista da Climatempo Marcely Sondermann, ao explicar que 2024 foi um ano mais seco do que em 2025, o que favoreceu ventos mais fortes e constantes.

A safra dos ventos entre junho e setembro é um período em que a produção eólica no Brasil atinge níveis muito elevados, principalmente no Nordeste. Esse fenômeno está associado à migração da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) para o Hemisfério Norte durante o inverno do Hemisfério Sul. Com isso, há uma redução significativa das chuvas sobre o Nordeste brasileiro. Essa diminuição da precipitação está fortemente correlacionada com o aumento da intensidade e da regularidade dos ventos.

Historicamente, a safra de ventos no Brasil apresenta variações que estão muito vinculadas à ocorrência de fenômenos climáticos como El Niño e La Niña, que influenciam diretamente os padrões de vento nas diferentes regiões.

Apesar das oscilações naturais, a geração eólica nacional tem registrado crescimento ano após ano, principalmente pelo contínuo acréscimo da capacidade instalada, com a entrada de novos parques eólicos em operação. O Brasil ocupa uma posição de destaque na geração eólica mundial com o 5º lugar no Ranking GWEC (Global Wind Energy Council) de Capacidade Total Instalada de Energia Eólica Onshore em 2024, ano que adicionou 3,27 GW na matriz elétrica nacional.

Segundo Marcely, as previsões meteorológicas são fundamentais para o setor eólico, pois colaboram para otimizar a operação das usinas, ajustando a programação da geração; reduzir custos, evitando acionamento desnecessário de outras fontes; garantir segurança operacional, antecipando episódios de ventos extremos que podem impactar as turbinas, e planejar manutenções programadas, escolhendo janelas com menor intensidade de ventos. As previsões ainda ajudam a apoiar negociações de energia no mercado, com base em cenários futuros de geração.

A Climatempo desenvolveu o módulo eólico dentro de sua plataforma SMAC (Sistema de Monitoramento e Alerta Climatempo). As empresas utilizam o módulo principalmente para acessar as previsões de vento ajustadas na altura do aerogerador, bem como as previsões de irradiação solar e geração de energia.

Os diferenciais da solução são os dados corrigidos pela altura das torres, histórico de dados e informações em tempo real. “As empresas conseguem usar a solução para fazer uma previsão corrigida georreferenciada com os dados locais e na altura do aerogerador, o que permite fazer as previsões de vento, irradiação, geração, fator de capacidade e até de receita”, observa Marcely.

Adicionalmente, a Climatempo realiza fóruns mensais em que apresenta aos geradores dados históricos do último mês, destacando como estavam os principais fenômenos meteorológicos e de que forma impactaram na geração. Além dessa análise retrospectiva, a previsão para os próximos meses é abordada, avaliando se as condições estarão favoráveis ou não à geração, quais fenômenos devem atuar nesse período e quais os possíveis cenários de impacto.

A Climatempo também disponibiliza uma previsão de longo prazo que chega até 60 meses à frente. Esse produto é baseado na análise de fenômenos de teleconexão e utiliza técnicas de machine learning para construir cenários mais robustos, apoiando o planejamento estratégico de médio e longo prazo do setor.

Foto: Divulgação/Climatempo

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