A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil afirmou, nesta quinta-feira (14), que o programa Mais Médicos foi “um golpe diplomático que explorou médicos cubanos” e “enriqueceu o regime cubano corrupto”. A declaração ocorreu um dia depois de Washington anunciar sanções contra brasileiros, ex-funcionários do governo e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), ligados à iniciativa.
Segundo a embaixada, as medidas fazem parte de esforços para “responsabilizar todos os indivíduos ligados a esse esquema coercitivo de exportação de mão de obra”. O Departamento de Estado citou nominalmente Mozart Julio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor da pasta e ex-diretor de Relações Externas da Opas, hoje coordenador-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) para a COP30.
O comunicado acusa autoridades brasileiras de usar a Opas como intermediária para implementar o programa “sem seguir os requisitos constitucionais brasileiros”, driblando sanções impostas pelos EUA a Cuba. Segundo o texto, o valor devido aos médicos foi repassado ao governo cubano, que teria privado sua população de cuidados essenciais.
Washington afirma ainda que médicos cubanos que atuaram no programa relataram ter sido explorados pelo regime, o que reforçaria a acusação de trabalho forçado.
De acordo com o portal InfoMoney, a acusação amplia a tensão diplomática entre os dois países, já marcada pela tarifa de 50% imposta pelo governo Donald Trump a produtos brasileiros, pela suspensão de vistos de ministros e autoridades e pela tentativa do republicano de interferir no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Foto: Rafael Nascimento / MS