domingo, 10 de agosto de 2025
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SURTO DE CIRCOVIROSE AMEAÇA A REINTRODUÇÃO DAS ARARINHA-AZUL NO SERTÃO BAIANO

RONALD GUEDES - 08/08/2025 09:15

Conhecida mundialmente por sua beleza singular e por ter inspirado o filme Rio, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) passou décadas vivendo em cativeiro, consequência da perda de habitat e do tráfico de animais silvestres. Em 2022, um ambicioso projeto internacional deu início à reintrodução da espécie na natureza. No entanto, essa jornada de volta ao seu habitat enfrenta agora um novo e preocupante obstáculo: um surto de circovirose, doença altamente contagiosa e frequentemente fatal para psitacídeos.

A circovirose, também chamada de Doença do Bico e das Penas, é causada pelo circovírus, que afeta aves da família dos psitacídeos — como araras, papagaios e periquitos. A transmissão ocorre por meio das penas, pó das plumas, secreções do papo e fezes, podendo se dar por inalação ou ingestão. Infelizmente, não há tratamento conhecido para a doença.

Em abril de 2025, um filhote nascido em ambiente natural apresentou sintomas da circovirose. Já em junho, 13 aves criadas em cativeiro também testaram positivo para o vírus, acendendo o alerta entre especialistas e autoridades ambientais.

Diante do surto, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) recomendou a captura imediata das aves já reintroduzidas na natureza, para conter a disseminação do vírus. Um plano emergencial foi elaborado, prevendo medidas como:

  • Reforço nas ações de biossegurança;

  • Ampliação da testagem e exames laboratoriais;

  • Descontaminação completa do criadouro.

Apesar das recomendações do órgão ambiental, a empresa Blue Sky, responsável pelo programa de reintrodução das ararinhas, afirmou que não poderá realizar a captura das aves. Segundo a empresa, ela não possui autorização nem infraestrutura adequada para manter as aves em condições de quarentena exigidas pelo ICMBio.

O impasse entre o ICMBio e a Blue Sky gera preocupações entre especialistas e ambientalistas. Além de colocar em risco a sobrevivência da ararinha-azul no Brasil, o surto ameaça outras espécies de psitacídeos que habitam o sertão baiano.

A reintrodução da ararinha-azul é um dos programas de conservação mais emblemáticos do país e símbolo de esforços internacionais para reverter a extinção de espécies na natureza. O atual cenário, no entanto, evidencia a necessidade de alinhamento entre as instituições envolvidas, a fim de proteger não apenas as ararinhas, mas todo o ecossistema que as acolheu novamente.

Foto: Reprodução/internet

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