O programa Farmácia Popular, criado para ampliar o acesso a medicamentos gratuitos, é alvo de um esquema nacional que já desviou cerca de R$ 40 milhões, segundo investigações da Polícia Federal. Na Bahia, criminosos chegam a usar dados de pessoas falecidas para registrar compras que nunca ocorreram.
Em ação para coibir irregularidades, o Ministério da Saúde descredenciou mais de 9 mil unidades em todo o país, sendo 474 no estado — 122 delas em Salvador. Algumas não renovaram o cadastro ou não apresentaram documentação, enquanto outras estão sob suspeita de fraude. A última fiscalização desse tipo havia ocorrido em 2018.
As fraudes incluem o uso indevido de CPFs para simular retiradas de medicamentos, gerando repasses indevidos. Uma operação da PF neste ano revelou que organizações criminosas compraram farmácias com cadastro ativo, mas fechadas, para lavar dinheiro do tráfico internacional.
Segundo o governo federal, o descredenciamento fortalece o controle do programa. Há casos inusitados, como o de uma ótica em Ipirá e uma lotérica em Boquira que constavam como participantes. Em Salvador, a maioria das unidades fechadas pertence à rede Sant’Ana, em recuperação judicial.
Entre 2023 e 2025, 5 mil farmácias tiveram atividades suspensas por irregularidades. O sistema analisa 25 indicadores para identificar riscos e já bloqueou, só no primeiro trimestre de 2025, mais de 12,7 milhões de solicitações suspeitas — o equivalente a 140 mil por dia. Até agora, cerca de R$ 8 milhões foram ressarcidos.
Foto: Elza Fiuza/ Agência Brasil