Cerca de 60 mulheres participaram, nesta quinta-feira (31), da 2ª edição do Afro Parque, evento desenvolvido pelo Parque Social como parte da comemoração do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado no último dia 25. Juntas, elas participaram de oficinas, palestras e bate-papos sobre o fortalecimento da identidade da mulher negra por meio da ancestralidade, da resistência cultural e do afroempreendedorismo.
O evento, realizado no Parque da Cidade, no Itaigara, teve início com um momento de acolhimento e boas-vindas. Em seguida, as participantes acompanharam as palestras “Compartilhamento: Trajetórias e Experiências Pessoais” e “Costura criativa e sustentável”, ministradas pela empreendedora Marcela Santos e pela estilista Luciana Galeão, respectivamente, além do bate-papo “Costura como Ancestralidade e Resistência” e das oficinas “Turbantes – Estética Ancestral” e “Costura de Axé – A Arte da Continuidade”.
De acordo com a diretora do Parque Social, Sandra Paranhos, o evento é uma oportunidade para valorizar o protagonismo feminino negro e promover a igualdade racial. Ela lembra que a organização recebeu, nos últimos dois anos, o Selo da Diversidade Racial, concedido pela Secretaria Municipal da Reparação (Semur), como reconhecimento pelo compromisso da instituição com a equidade racial e o combate ao racismo.
“O Parque Social, como uma instituição que cuida do social, não poderia ficar de fora de um evento com um tema tão relevante quanto o da mulher negra e guerreira, como foi Tereza de Benguela e Dandara [dos Palmares]. São personalidades que marcaram sua época e que, até hoje, seguem nos inspirando. Elas incentivam outras mulheres a se colocarem nesse lugar de liderança, a se posicionarem diante do racismo e a lutarem por uma sociedade mais justa, onde todos sejam respeitados e possam viver com igualdade”, comentou.
Sandra aproveitou para lembrar também que o Parque Social tem uma incubadora de negócios sociais, a In Pacto, que, com o apoio da Prefeitura de Salvador, apoia dez negócios de impacto socioambiental positivo na capital baiana. Uma das participantes da incubadora é Marcela Santos, que, nesta quinta, foi a mediadora do bate-papo sobre costura com ancestralidade.
“A gente sabe que o empreendedorismo não é tão fácil, não é tão romântico como costumam dizer, mas é possível. Possibilidades como essa da pré-incubação nos ajudam a melhorar nossos negócios, com materiais e outros elementos que fazem nossa empresa avançar. A gente consegue divulgar, adentrar novos espaços”, comentou.
Marcela acrescentou ainda que o evento contribuiu para ampliar oportunidades, criar novas conexões e aumentar a visibilidade das empreendedoras negras, permitindo que os próprios produtos e negócios ultrapassem os limites da comunidade onde as mulheres vivem e alcancem outros públicos.
Uma das participantes do 2º Afro Parque foi Eunice dos Santos, de 65 anos. Ela atua como costureira e dá aulas de corte e costura para meninas. Atualmente, também participa do projeto 60+ Tech, do Parque Social. A idosa destacou que o evento é muito importante porque oferece acesso a conhecimentos e experiências que muitas pessoas não têm no dia a dia.
“Não é todo dia que você encontra pessoas do nível das que estão aqui hoje dispostas a trocar informações. É uma oportunidade de aprendizado, de crescimento. Cada dia que você participa de algo assim, você aprende um pouco mais”, disse.
Fotos: Lucas Moura/Secom PMS