quinta, 31 de julho de 2025
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AGOSTO BRANCO: EXAME PERMITE DIAGNOSTICAR O CÂNCER DE PULMÃO EM FASES INICIAIS

LUIZA SANTOS - 30/07/2025 17:08

Apesar dos avanços nos tratamentos para o câncer de pulmão nos últimos anos, o tumor ainda é considerado o mais letal, sendo responsável por cerca de 1,8 milhão de mortes em todo mundo, anualmente, de acordo com o Global Cancer Observatory. O Agosto Branco é o mês dedicado à conscientização e luta contra a doença, que tem o tabagismo como principal fator de risco. De acordo com estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil deve registrar em 2025 mais de 32 mil novos casos desse tipo de neoplasia. Só no Nordeste, mais de 6.500 diagnósticos são estimados pelo Instituto, sendo 1360 novos diagnósticos previstos na Bahia.

Para a oncologista Clarissa Mathias, referência mundial em câncer de pulmão e líder do Cancer Center HSI Oncoclínicas, um dos desafios do combate ao câncer de pulmão é conscientizar a população, especialmente o grupo de risco, que inclui fumantes ativos e passivos e ex-fumantes, sobre a importância do diagnóstico precoce. A especialista explica que com um exame de Tomografia Computadorizada de Baixa Dose (TCBD) é possível detectar lesões iniciais no pulmão, quando a chance de cura pode ser superior a 90%. “Trata-se de um exame rápido, não invasivo e com baixa radiação”, explica.

“O rastreamento do câncer de pulmão, através de exames de imagem e biópsia, é indicado para indivíduos com mais de 50 anos que tenham alto risco para a neoplasia, inclusive para pessoas assintomáticas, pois o objetivo é permitir a detecção de lesões inicias, antes de qualquer manifestação da doença, ou seja, quando a chance de sucesso do tratamento é alta”, esclarece Clarissa Mathias. “Quem tem entre 50 e 80 anos e é fumante ou fumou por muitos anos ou mesmo quem parou de fumar há menos de 15 anos deve conversar com seu médico sobre a necessidade de fazer o exame”, recomenda a especialista.

Atenção aos sintomas

Tosse seca e persistente ou tosse com sangue, rouquidão, perda de apetite e dificuldade para respirar ou sensação de falta de ar podem ser sintomas de câncer de pulmão e devem ser investigados. “Por serem frequentemente confundidos com problemas respiratórios, esses sinais costumam ser negligenciados. O fato de não serem investigados e tratados adequadamente acaba levando ao diagnóstico tardio do câncer de pulmão em grande parte dos casos”, explica a oncologista Larissa Moura, da Oncoclínicas.

Além de possibilitar um tratamento menos invasivo e com menos efeitos colaterais, a detecção precoce da doença aumenta a chance de cura e a sobrevida do paciente.

“Se o indivíduo é fumante ou ex-furmante e começa a apresentar uma rouquidão ou tosse persistente não significa que ele tem um câncer de pulmão, mas isso precisa ser investigado por um médico”, explica a oncologista Julia de Castro de Souza, da Oncoclínicas. “O diagnóstico em estágio inicial permite que o câncer de pulmão tenha 90% de chance de cura”, reforça.

Controle do tabagismo

Considerado a principal causa de morte evitável do mundo pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o cigarro é fator de risco para 14 tipos diferentes de câncer. O Brasil, no entanto, quando se trata de controle do tabagismo, é referência mundial: o país conseguiu, através de políticas públicas, reduzir em 35% o consumo de cigarro, de acordo com relatório da OMS. Hoje, a prevalência de fumantes equivale a menos de 10% da população, porém o consumo do cigarro eletrônico representa uma ameaça às conquistas da luta antitabaco. “A melhor forma de prevenção do câncer de pulmão é não fumar. Além de ser associado a vários tipos de neoplasias, o cigarro ainda causa outros problemas de saúde e coloca em risco também o fumante passivo”, afirma o oncologista Filipe Visani, da Oncoclínicas

“O combate ao tabagismo, responsável por 80 a 90% dos casos de câncer de pulmão, e o acesso ao diagnóstico precoce e aos tratamentos mais eficazes são os pilares na luta contra a doença”, destaca a oncologista Clara Santana Peixoto, da Oncoclínicas;

De acordo com o estudo “Risco de iniciação ao tabagismo com o uso de cigarros eletrônicos”, elaborado pelo INCA e publicado na Revista Ciência e Saúde Coletiva, o uso desses dispositivos aumenta em média três vezes e meia a probabilidade de experimentar o cigarro convencional, e em mais de quatro as chances de passar a fumar efetivamente. “Muitas pessoas começam com o cigarro eletrônico e depois migram para o convencional, que é muito mais barato e acessível, já que o vape é proibido no país. Em alguns casos, a pessoa passa até mesmo a usar os dois”, alerta Clarissa Mathias.

Avanços no tratamento

O tratamento dos tumores de pulmão conta com um arsenal de terapias avançadas e se baseia em cirurgia, tratamento sistêmico (quimioterapia, terapia-alvo e imunoterapia) e radioterapia. “Hoje já é possível realizar a cirurgia para remoção do tumor com menos tempo de internação graças aos avanços das cirurgias minimamente invasivas, que permitem que o paciente consiga retornar mais rapidamente às suas atividades”, afirma a oncologista Carolina Rocha Silva, da Oncoclínicas.

A quimioterapia, muitas vezes, é indicada após a cirurgia para destruir células tumorais microscópicas residuais ou que estejam circulando pelo sangue. Em alguns casos, a terapia-alvo também é indicada após o procedimento cirúrgico. Esse tratamento, que representa um grande avanço na oncologia, utiliza drogas para atacar especificamente as células cancerígenas, preservando as saudáveis.

A combinação de terapia sistêmica e radioterapia pode ser administrada no início do procedimento para reduzir o tumor antes da cirurgia, ou mesmo como tratamento definitivo, quando a remoção cirúrgica está contraindicada. A radioterapia isolada é utilizada, algumas vezes, para diminuir sintomas, como falta de ar e dor.

Entre os grandes avanços
da ciência na luta contra o câncer de pulmão, a imunoterapia e as terapias-alvo são terapias sistêmicas que permitem o tratamento com precisão e individualizado, de acordo com características moleculares únicas do tumor. Elas apresentam menos efeitos colaterais que as terapias sistêmicas tradicionais e têm revolucionado o tratamento dos tumores de pulmão, proporcionando mais qualidade de vida e maior sobrevida aos pacientes. “Nas terapias-alvo, os medicamentos atingem apenas as células cancerígenas, preservando as saudáveis. Já a imunoterapia ativa o sistema imunológico através de uma combinação de medicamentos biológicos para lutar contra o tumor. São drogas que estimulam a imunidade a reconhecer e eliminar as células cancerígenas”, finaliza Clarissa Mathias.

Foto: Freepik

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