No Brasil, cerca de 23 mil pessoas recebem o diagnóstico de câncer de cabeça e de pescoço todos os anos, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Destes, cerca de 70% descobrem a doença em estágio avançado, o que reduz as chances de cura e aumenta as sequelas. O Julho Verde, que tem sua data especial no dia 27, é uma campanha de conscientização e prevenção realizada anualmente que busca alertar a população sobre os sinais iniciais, fatores de risco (tabagismo, consumo excessivo de álcool e infecção pelo HPV) e a importância do diagnóstico precoce.
Entre os profissionais que atuam em todas as etapas do cuidado com esse paciente está o da Fonoaudiologia, especialista fundamental para a reabilitação e para a qualidade de vida de quem enfrenta a doença, explica a fonoaudióloga clínica e vocal coaching Carolina Pamponet, especialista em tratamento dos distúrbios da voz falada e cantada e na preparação vocal de cantores de alta performance há mais de 20 anos.
De acordo com ela, a atuação do fonoaudiólogo começa na prevenção e detecção precoce e, em atendimentos de rotina ou em campanhas de saúde, este profissional pode identificar sinais de alerta como rouquidão persistente, dificuldade para engolir, feridas na boca que não cicatrizam em 15 dias e nódulos no pescoço. “Ao reconhecer esses indícios, o paciente pode ser orientado a buscar um médico especialista para investigação rápida, aumentando as chances de sucesso no tratamento. Antes do início de cirurgias, quimioterapia ou radioterapia, o fonoaudiólogo realiza avaliações detalhadas da fala, voz e deglutição, mapeando as condições do paciente para minimizar os impactos dos tratamentos”, explica a especialista.
A fonoaudióloga, que é diretora da clínica Fonoclin, em Feira de Santana, e integrante do Núcleo de Atendimento em Distúrbios da Voz e Comunicação Humana da Otorrino Center, em Salvador, também destaca que, durante o tratamento, é comum que o paciente enfrente boca seca, dor, alterações no paladar e dificuldade para mastigar ou engolir. Nesse momento, o acompanhamento fonoaudiológico é crucial para preservar funções essenciais por meio de exercícios, técnicas de deglutição e orientações específicas.
“Após o tratamento, a reabilitação torna-se uma etapa vital. Sequelas como alterações na voz e na deglutição podem ser superadas com o acompanhamento especializado, permitindo que o paciente volte a se alimentar de forma segura, se comunique com clareza e retome suas atividades sociais e profissionais”, comenta Carolina Pamponet. Segundo ela, em casos de laringectomia total, a Fonoaudiologia também atua na reabilitação vocal, treinando o uso de próteses traqueoesofágicas ou outras formas de comunicação, garantindo autonomia ao paciente.
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