A decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto tem gerado apreensão no setor produtivo. Em nota, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA) manifestou preocupação com os efeitos da medida, que pode comprometer o fluxo comercial entre os dois países e afetar consumidores e empresas de ambos os lados.
Para a entidade, o impacto será significativo, com potencial de provocar perdas econômicas generalizadas.
“Do ponto de vista econômico, a medida revela-se incompreensível, considerando o histórico de desequilíbrio nas relações de troca, tradicionalmente favoráveis aos Estados Unidos, que exportam mais ao Brasil do que importam. Essa distorção de fundamentos cria entraves às negociações, uma vez que não se observa uma condição clara a ser debatida numa mesa de negócios”, afirmou Guilherme Dietze, consultor econômico do Sistema Comércio BA.
O presidente do Sistema Comércio BA, Kelsor Fernandes, reforçou a crítica e alertou para as consequências da taxação para a competitividade dos produtos brasileiros.
“É um equívoco permitir que interesses ideológicos se sobreponham às relações econômicas, sobretudo diante de um histórico de cooperação sólida e respeitosa entre os dois países. Caso a taxação adicional seja efetivada, produtos brasileiros — em especial commodities — poderão perder competitividade no mercado norte-americano. Isso poderá acarretar desinvestimentos e demissões em diversas regiões do país, incluindo a Bahia”, pontuou.
Bahia deve sentir impacto direto.
A Fecomércio-BA também destacou que a Bahia poderá ser diretamente afetada, principalmente nos segmentos de exportação de cacau, derivados de petróleo e pneus — itens com peso relevante na pauta comercial do estado. A entidade alerta que, além dos impactos imediatos, os efeitos podem se estender a médio e longo prazo, pressionando preços, reduzindo a renda e afetando o poder de compra da população.
No primeiro semestre de 2025, o Brasil exportou US$ 20 bilhões para os Estados Unidos — cerca de R$ 111 bilhões — um crescimento de 4,4% em relação ao mesmo período de 2024. Desse total, aproximadamente US$ 560 milhões (R$ 3,1 bilhões) partiram da Bahia, que figura como o 10º estado brasileiro com maior volume de exportações para o mercado norte-americano.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a Bahia é também o segundo estado do Nordeste em volume de negócios com os EUA, atrás apenas do Ceará (US$ 570 milhões) e à frente do Maranhão (US$ 340 milhões).
Foto: Embaixada dos EUA | Divulgação