A inadimplência entre empresas na Bahia atingiu um patamar alarmante em abril de 2025. De acordo com levantamento da Serasa Experian, 335.582 CNPJs estavam com contas em atraso no estado, o que corresponde a 30,6% das empresas ativas. O valor total da dívida ultrapassa os R$ 5,6 bilhões.
Em média, cada empresa baiana inadimplente acumula seis pendências, com valor médio de R$ 2.898,29 por débito. O dado faz parte do Indicador de Inadimplência das Empresas, que acompanha o endividamento corporativo em todo o país.
A Bahia segue a tendência nacional, que também bateu recorde: em abril, 7,5 milhões de empresas brasileiras estavam inadimplentes — 32,5% do total. O valor total das dívidas no país chegou a R$ 177 bilhões, com média de 7,3 contas vencidas por CNPJ e valor médio de R$ 3.227,80 por dívida.
O setor de Serviços lidera o ranking nacional, concentrando 53,3% dos negócios negativados, seguido por Comércio (34,5%) e Indústria (8%). Na Bahia, a alta concentração de micro e pequenas empresas em áreas como turismo, alimentação, transporte e comércio de rua torna o impacto da inadimplência ainda mais visível.
Segundo a economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, o cenário é reflexo da dificuldade de acesso ao crédito e dos juros elevados.
“O avanço contínuo da inadimplência desde dezembro de 2024 reforça os desafios enfrentados pelas empresas, especialmente as de menor porte, que ainda sentem os reflexos de um cenário de crédito restrito e juros elevados. Esses fatores reduzem a capacidade de renegociação das dívidas e aumentam o risco de acúmulo de inadimplência”, destacou.
As micro e pequenas empresas são as mais afetadas, representando 94% dos negócios inadimplentes no país. Elas somam mais de 7,1 milhões de CNPJs negativados, com 49,5 milhões de dívidas em aberto e um total devido de R$ 152,4 bilhões — o que corresponde a mais de 86% do passivo nacional.
A Bahia ocupa uma posição intermediária no ranking de inadimplência por estado, mas se destaca no Nordeste como um dos que mais acumulam CNPJs endividados. Em termos proporcionais, os piores índices foram registrados no Distrito Federal (41,8%), Pará (40,2%) e Alagoas (39,9%). Já São Paulo lidera em números absolutos, com mais de 2,5 milhões de empresas inadimplentes.
Boa parte das dívidas tem origem em contratos com bancos e operadoras de cartão de crédito, que representam 20,8% das pendências. A dependência do crédito rotativo e de financiamentos de curto prazo em momentos de crise tem agravado a situação financeira das empresas.
Apesar do cenário negativo, existem alternativas para renegociação. Plataformas como o Serasa Limpa Nome Empresas oferecem condições para acordos diretos com credores, com descontos e prazos facilitados. Especialistas apontam que planejamento e reestruturação podem ajudar a recuperar a saúde financeira dos negócios.
Foto: Josenildo Jr/SEC