A Amcham Brasil divulga hoje a mais recente edição do Monitor do Comércio Brasil-EUA, com os dados consolidados do primeiro semestre de 2025. O relatório revela que o superávit comercial dos Estados Unidos em relação ao Brasil alcançou US$ 1,7 bilhão — um aumento de aproximadamente 500% em comparação com o mesmo período de 2024.
Apesar de a corrente de comércio bilateral ter crescido 7,7% no período, totalizando US$ 41,7 bilhões — o segundo maior valor da série histórica — o levantamento aponta efeitos cada vez mais visíveis das tarifas sobre setores estratégicos das exportações brasileiras.
A divulgação do relatório ocorre em meio à preocupação com a decisão do governo norte-americano de elevar para 50% as tarifas sobre as exportações brasileiras, com vigência prevista para 1º de agosto.
“Os resultados do primeiro semestre evidenciam a relevância do comércio bilateral para ambas as economias e reforçam a necessidade de buscar uma solução equilibrada e pragmática diante da escalada tarifária prevista para o curto prazo”, afirma Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil.
EUA ganham mais espaço nas importações brasileiras
Entre janeiro e junho de 2025, a corrente de comércio entre Brasil e Estados Unidos somou US$ 41,7 bilhões — o segundo maior valor da série histórica.
As exportações brasileiras aumentaram 4,4%, totalizando US$ 20 bilhões, com destaque para carne bovina (+142%), sucos de frutas (+74%), café não torrado (+39%) e aeronaves (+12,1%).
Por sua vez, as importações brasileiras de produtos norte-americanos cresceram em ritmo mais acelerado, com alta de 11,5%, somando US$ 21,7 bilhões. Como consequência, os Estados Unidos registraram um superávit de US$ 1,7 bilhão no período.
Tarifas em vigor já impactam setores estratégicos
Apesar do desempenho geral positivo das exportações brasileiras no primeiro semestre, setores estratégicos já começam a apresentar retração nas vendas aos Estados Unidos como consequência direta das tarifas atualmente em vigor.
Dentre os 10 principais produtos que tiveram queda nas exportações, oito deles estão sujeitos a aumentos tarifários, como celulose (-14,9%), motores (-7,6%), máquinas e equipamentos (-23,6%), manufaturas de madeira (-14,0%) e autopeças (-5,6%).
Amcham propõe esforço diplomático para evitar nova escalada tarifária
Diante da perspectiva de elevação das tarifas para 50% a partir de 1º de agosto, a Amcham Brasil reitera a urgência de um esforço diplomático coordenado entre ambos os governos, em busca de uma solução pragmática e equilibrada. O risco de impactos severos sobre empregos, investimentos e cadeias produtivas integradas exige uma resposta pautada em diálogo, previsibilidade e racionalidade.
“Estamos diante de um grave cenário que pode inviabilizar boa parte das exportações brasileiras para os Estados Unidos, sobretudo de bens industriais, com prejuízos para ambas as economias. O caminho deve ser o entendimento, que sempre caracterizou as relações entre Brasil e Estados Unidos”, conclui Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil.
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