sábado, 05 de julho de 2025
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ERROS DE REFRAÇÃO, MIOPIA , HIPERMETROPIA E ASTIGMATISMO SÃO AS PRINCIPAIS CAUSAS DE DEFICIÊNCIA VISUAL DO MUNDO

Victoria Isabel - 04/07/2025 16:30 - Atualizado 04/07/2025

Na semana em que se celebra o Dia da Saúde Ocular, em 5 de julho, especialistas voltam a chamar atenção para doenças silenciosas que comprometem a visão de milhares de baianos. Erros de refração, miopia, hipermetropia, astigmatismo, catarata, glaucoma, retinopatia diabética e outras condições oculares comuns avançam sem alarde, afetando diretamente a qualidade de vida de adultos e idosos. Diante deste quadro, o diagnóstico precoce e a prevenção contínua são fundamentais, especialmente para as crianças, já que doenças oculares podem provocar grandes alterações de aprendizado, comportamento social, desenvolvimento cognitivo e perdas socioeconômicas por toda a vida.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% dos casos de deficiência visual no mundo são evitáveis ou tratáveis. No Brasil, os dados do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) reforçam esse cenário: a catarata lidera como principal causa de cegueira reversível, enquanto o glaucoma é a maior causa de cegueira irreversível.

Segundo o oftalmologista César Sampaio, do Hospital Mater Dei Salvador (HMDS), a falta de acompanhamento oftalmológico regular é uma das principais barreiras no enfrentamento dessas doenças. “A visão é um dos nossos sentidos mais preciosos. Quem a perde, mesmo que parcialmente, perde também autonomia, liberdade e bem-estar. O problema é que muita gente só procura ajuda quando a doença já está avançada e o tratamento fica mais dispendioso e com menos benefício” afirma.

Nas crianças, o uso de óculos é, entre todos os tratamentos médicos, o de menor custo e maior benefício. A catarata afeta principalmente pessoas com mais de 60 anos e tem tratamento eficaz por meio de cirurgia para substituição do cristalino por uma lente intraocular. “É um procedimento seguro, acessível e com altíssimo índice de sucesso. O paciente volta a enxergar com nitidez e retoma sua rotina com independência”, explica o médico do HMDS.

Já o glaucoma é traiçoeiro. Avança de forma silenciosa e, se não for diagnosticado precocemente, pode levar à perda definitiva da visão. Na Bahia, estima-se que a prevalência da doença entre pessoas com mais de 40 anos seja de 3,5%, índice ainda mais preocupante entre a população negra, que tem maior predisposição genética. “O glaucoma não dói e, na maioria dos casos, só é percebido quando o campo visual já está comprometido. Por isso, a consulta de rotina é essencial ,principalmente quando existem casos de glaucoma na família”, reforça Sampaio.

Outro fator de atenção é a retinopatia diabética, comum em pessoas com diabetes descontrolado. Ela danifica os vasos sanguíneos da retina e pode causar cegueira se não for tratada. O mesmo vale para a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), que atinge cerca de 30% dos maiores de 80 anos. São doenças que avançam de forma sorrateira e, felizmente, têm tratamento. Mas é preciso detectar a tempo.

Além das doenças da retina e do nervo óptico, há ainda as alterações da parte anterior do olho, como conjuntivite, ceratite, pterígio e muitas vezes ligadas a fatores ambientais como exposição solar intensa, vento, poeira e falta de lubrificação ocular.

Os traumas também correspondem a uma importante causa de perda da visão entre trabalhadores. “Na Bahia, vemos muitos casos relacionados ao clima quente e seco, o que exige cuidado redobrado com proteção solar e higiene ocular. Prevenção é a chave”, explica César Sampaio.

O alerta ganha força no Dia da Saúde Ocular, que chama atenção para a necessidade de incorporar o cuidado com os olhos à rotina de saúde da população. Neste cenário, crianças, adultos e idosos devem passar por consultas oftalmológicas regulares. Para quem tem histórico familiar de glaucoma, catarata precoce ou diabetes, o cuidado precisa ser redobrado. “A prevenção ainda é nosso maior trunfo. Temos tecnologia, conhecimento e tratamento eficaz para preservar a visão. Só precisamos criar o hábito de olhar para nossos olhos com mais atenção”, conclui o médico.

Foto: Valter Andrade

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