A tradicional festa do 2 de Julho, que celebra a Independência do Brasil na Bahia, ganhou este ano uma identidade visual centrada na ideia de pertencimento. Com o tema “Eu Sou o 2 de Julho”, a proposta busca reforçar o papel do povo baiano na consolidação da independência nacional. A festa é organizada pela Prefeitura de Salvador, por meio da Fundação Gregório de Mattos (FGM), e terá, nesta quarta-feira (2), o tradicional cortejo cívico da Lapinha até o Campo Grande, com fanfarras, filarmônicas, concurso de fachadas decoradas e homenagens aos heróis da luta de 1823.
“O tema deste ano abandona uma abordagem histórica para trazer mais o 2 de Julho para o contemporâneo, aproximando mais essa data de cada cidadão. O tema ‘Eu Sou o 2 de Julho’ vincula as pessoas ao evento, faz com que as pessoas entendam que elas fazem parte dessa história. Cada um de nós é o 2 de Julho”, ressaltou o presidente da FGM, Fernando Guerreiro.
A identidade visual e a cenografia foram desenvolvidas pelo artista plástico Ray Vianna, que tem longa trajetória ligada às manifestações populares e ao Carnaval de Salvador. Ele explicou que o tema deste ano traduz um sentimento que acompanha os baianos desde a infância.
“É uma forma muito interessante de trazer esse pertencimento que nós sentimos. A gente bate no peito, veste a camisa e fala: ‘Eu sou o 2 de Julho’. Eu me lembro, desde pequeno, que meu pai me levava para ver a festa, o desfile, as fanfarras, o caboclo e a cabocla, a muvuca toda, a manifestação, os vaqueiros, enfim, eu ficava encantado. E isso vem pela vida marcando a nossa cultura, dentro do nosso coração, da nossa forma de ser. Então eu acho super pertinente esse tema que a Fundação Gregório de Mattos nos trouxe este ano. Posso dizer, de verdade, que eu sou o 2 de Julho”, disse.
De acordo com Vianna, a concepção das peças decorativas foi feita a partir de uma marca criada pela Secretaria Municipal de Comunicação (Secom) de Salvador. A partir dessa base visual, foram desenvolvidas tipologias de peças de solo, instaladas em postes e espaços públicos no decorrer do trajeto da festa. Uma delas tem sete metros de altura, com a marca oficial na frente e, no verso, personagens acompanhados de frases como “Eu sou liberdade”, “Eu sou conquista”, “Eu sou luta” e “Eu sou Brasil”.
“São nove frases compondo as nove peças. O fundo ou a frente, na verdade, depende da posição da peça na praça — é uma peça interdimensional, visível de todos os lados. Mas, quando digo ‘fundo’, me refiro ao lado oposto à marca”, afirmou.
Já outra peça citada pelo artista plástico é mais dinâmica: ela traz o sol como símbolo de renovação e energia. “Essa peça tem o sol e, ladeando-o, uma árvore e fitilhos que compõem uma estrutura tridimensional, mantendo a paleta de cores: o azul, vermelho e branco da Bahia, e o verde e amarelo do Brasil. Essa foi a paleta básica que usamos”, contou Vianna.
Ele disse ainda que a inspiração visual remeteu a decorações passadas. “Durante esse processo, me lembrei de uma das decorações antigas, a de 1988, que foi feita por vários artistas. Essa peça, em particular, foi feita por Jota Cunha, e tive essa inspiração. Além de compor a nossa peça, lembrei dessa criação de Jota Cunha, esse grande mestre, meu e de vários artistas”, acrescentou.
O projeto foi executado com apoio da RCD Produção de Arte, comandada por Ricardo Cavalcanti e tendo o designer Daniel Soto como cocriador das peças. “Esse trabalho não se faz sozinho, pois é muito grande. Em primeiro lugar, tenho a parceria da RCD Produção de Arte, através de Ricardo Cavalcanti, grande produtor e amigo. Daniel, além de designer, é um especialista em 2 de Julho. Temos uma grande equipe, com cenotécnicos muito experientes e uma produção estruturada. Enfim, fico muito orgulhoso de fazer, mais uma vez, esse 2 de Julho”, completou Ray Vianna.
Foto: Otávio Santos/Secom PMS