segunda, 30 de junho de 2025
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JULHO VERDE: NORDESTE É A SEGUNDA REGIÃO DO PAÍS COM MAIS CASOS DE CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO

João Paulo - 30/06/2025 13:58 - Atualizado 30/06/2025

Cerca de 40 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço são estimados para 2025 no Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). O Brasil é um dos países do mundo com maior número de casos de desse tipo de tumor. As regiões Sudeste com 20.470 novos casos e Nordeste com 10.070 novos diagnósticos lideram as estatísticas anuais da neoplasia, que tem alta mortalidade no país. O Julho Verde é o mês dedicado a conscientização da população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença.

“Um dos principais desafios no combate ao câncer de cabeça e pescoço é o diagnóstico precoce, uma vez que 80% dos casos são detectados tardiamente”, afirma o oncologista Eduardo Moraes, da Oncoclínicas na Bahia. “O rastreio, a detecção precoce e o tratamento adequado podem salvar vidas, uma que a doença tem 90% de possibilidade de cura quando descoberta em fase inicial”, explica o especialista.

De acordo com pesquisa realizada pelo INCA e publicada na revista científica internacional The Lancet Regional Health Americas, de cada dez casos de câncer de cabeça e pescoço no Brasil, oito são diagnosticados em estágio avançado. A doença atinge, principalmente, a boca (céu da boca, língua e gengiva), a faringe (garganta), a laringe (cordas vocais), os seios da face, a cavidade nasal ou a glândula tireoide. Nas mulheres, o tumor mais frequente na região é o de tireoide e, nos homens, o câncer de boca, laringe e faringe.

“A informação é uma grande aliada para prevenção da doença, que é considerada evitável, por isso o Julho Verde busca conscientizar a população sobre a importância de conhecer os fatores de risco e adotar hábitos saudáveis”, afirma o oncologista Daniel Brito, da Oncoclínicas.

Fatores de risco

As infecções por HPV, o tabagismo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas estão entre os principais fatores de risco para o surgimento da doença. Fumantes têm cinco vezes mais chance de desenvolver a doença. “Esse risco multiplica por dez vezes, se além de fumar, o indivíduo consumir álcool”, explica a oncologista Larissa Moura, da Oncoclínicas.

“É importante chamar a atenção também para a infecção pelo HPV (Papilomavírus Humano), transmitido via sexo oral sem proteção, que tem sido um dos principais responsáveis pelo câncer das amígdalas”, adverte Eduardo Moraes.

Outros fatores como má higiene bucal, fatores genéticos, hábitos alimentares, traumas crônicos causados por próteses dentárias mal adaptadas e a exposição excessiva ao sol sem proteção labial também podem desencadear tumores de cabeça e pescoço.

Sinais de alerta

Alteração na voz ou rouquidão, dificuldade para engolir, sangramento na boca ou pelo nariz, dor de garganta, perda de peso, ferida na boca que não cicatriza, aumento dos gânglios linfáticos ou nódulos no pescoço e mau hálito. Todos esses sintomas, quando duram mais de 15 dias, podem ser um sinal de alerta para o câncer de cabeça e pescoço. “Muitas vezes alguns sinais, como rouquidão, são confundidos com problemas comuns, como viroses, e isso leva a atrasos na busca por ajuda médica”, explica Larissa Moura. “Ter um ou mais desses sintomas não representa o diagnóstico de um câncer, mas o quadro requer que seja feita uma investigação imediata”, acrescenta Eduardo Moraes.

“Ao perceber qualquer sintoma persistente, é fundamental que a pessoa vá ao médico o quanto antes”, reforça Daniel Brito. Mais de 90% dos tumores pequenos e localizados são curáveis.

Prevenção: hábitos e vacinação

Não fumar, usar protetor solar, fazer visitas regulares ao dentista, evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, usar preservativo nas relações sexuais, cuidar da higiene bucal e ter uma alimentação rica em frutas e verduras são hábitos importantes para reduzir os riscos de desenvolvimento da doença.

Além da adoção de hábitos saudáveis, a vacina HPV também é uma medida preventiva contra o câncer de cabeça e pescoço. Ela é recomendada para meninos e meninas dos 9 aos 14 anos e adultos até os 45 anos com condições médicas especiais, tais como transplantados, pacientes oncológicos, portadores de HIV e vítimas de violência sexual, sendo disponível gratuitamente no SUS. “A vacina HPV é uma aliada importante para prevenção”, finaliza Eduardo Moraes.

 

Foto: Freepik

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