sexta, 13 de junho de 2025
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ÍNDICE DE INADIMPLÊNCIA DO VAREJO BRASILEIRO É O MENOR DOS ÚLTIMOS 3 ANOS

João Paulo - 12/06/2025 11:10 - Atualizado 12/06/2025

O fim de ano é tradicionalmente marcado por um aumento nas vendas do varejo. Ao mesmo tempo, é um dos períodos em que os brasileiros mais acumulam dívidas, que acabam impactando o orçamento nos meses seguintes. De acordo com um índice divulgado pela plataforma Meu Crediário, o número de inadimplentes chegou a 8,49% em março.

Como os dados consideram pagamentos com mais de 90 dias de atraso, o aumento está diretamente relacionado aos gastos realizados em dezembro. Mesmo diante de um cenário de dificuldades financeiras para boa parte da população, os gastos com festas como o Natal e o Ano-Novo continuam acima do que a realidade permite, o que contribui para o endividamento.

Índice revela dados sobre inadimplência no Brasil

O índice de inadimplência é um indicador desenvolvido pelo Meu Crediário, plataforma de gestão de crediário para lojistas, com o objetivo de mostrar o panorama das dívidas no varejo brasileiro. Os dados partem dos clientes da plataforma e suas indicações sobre o não pagamento das vendas

Como um consumidor só é considerado inadimplente após 90 dias de atraso, o mês de março se torna um reflexo direto das compras feitas em dezembro. Dessa forma, houve uma alta em relação a fevereiro, quando o índice era de 6,74%.

Entre os setores do varejo, o de vestuário lidera o ranking de inadimplência, com índice de 10,23%. Além disso, também se destacam os segmentos de móveis e óticas, que apresentam uma quantidade alta de consumidores inadimplentes.

Apesar disso, o índice aponta uma tendência de queda em relação aos anos anteriores. Em março de 2023, o número era de 9,88%. Já no primeiro trimestre, a inadimplência caiu de 10,23% para 7,37% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Por que os brasileiros gastam mais do que podem no fim do ano?

Diversos fatores contribuem para o aumento dos gastos durante as festas de fim de ano, muitas vezes ultrapassando o orçamento pessoal. Entre eles, estão elementos culturais, sociais e de mercado, como:

Marketing agressivo: campanhas publicitárias aumentam a exposição do consumidor a mensagens de compra, criando sensação de urgência. Com o uso de gatilhos emocionais e estratégias que estimulam o consumo impulsivo, o planejamento financeiro acaba comprometido.

Tradição dos presentes: no Natal, a troca de presentes é vista como símbolo de afeto e uma espécie de obrigação social. Mesmo sem condições financeiras favoráveis, muitos consumidores mantêm o costume, aumentando o risco de dívidas.

Redes sociais: influenciadores, anúncios personalizados e a busca por status influenciam desejos e comportamentos. Esse apelo estético e social favorece compras por impulso, muitas vezes acima da renda disponível.

Promoções sazonais: campanhas como Black Friday e liquidações de fim de ano criam a ilusão de economia. No entanto, o parcelamento disfarça o impacto real no orçamento, comprometendo os meses seguintes.

Educação financeira pode ser caminho para evitar dívidas

Especialistas apontam a educação financeira como o primeiro passo para fugir do endividamento. Uma pesquisa da Fenaprevi em parceria com o Datafolha revelou que 84% dos brasileiros desejam controlar melhor suas finanças, mas não sabem por onde começar.

Aprender sobre finanças pessoais ainda é um desafio no Brasil, o que dificulta o início desse processo. Além de buscar conhecimento, é importante adotar algumas práticas simples no dia a dia:

Planejar e rever o orçamento: organizar os ganhos e despesas permite entender para onde vai o dinheiro, ajudando identificar excessos e fazer ajustes, além de evitar surpresas desagradáveis.

Definir metas e objetivos: estabelecer metas claras, como quitar dívidas ou montar uma reserva de emergência, dá propósito ao planejamento. Objetivos bem definidos facilitam decisões diárias e mantêm o foco.

Avaliar os erros: reconhecer escolhas equivocadas é essencial para evitar repeti-las. Dessa forma, refletir sobre falhas no controle de gastos ou na definição de prioridades, por exemplo, permite corrigir rotas.

Apesar de o número de endividados no Brasil ainda ser alto, os dados indicam uma tendência de melhora. Por isso, manter-se informado, agir com consciência e buscar equilíbrio nas finanças são atitudes fundamentais para evitar dívidas ao longo do ano.

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Foto: Reprodução/Freepik

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