Ilhéus (BA) sediou, no último sábado (7), o 1º Fórum Nacional do Movimento Invasão Zero de Defesa da Propriedade (MIZ), evento que reuniu autoridades federais e estaduais, lideranças regionais, produtores rurais e apoiadores em uma mobilização expressiva pela defesa da propriedade privada no Brasil. No encontro, foi assinado um manifesto contra as invasões de terra promovidas por movimentos como o MST e em favor da segurança jurídica no campo. Durante o fórum, os estados do Espírito Santo e Pernambuco foram anunciados como sedes das próximas edições do evento.
Presença de Líderes e Chamado à União
Estiveram presentes os deputados federais Coronel Meira (PE) e Capitão Alden (BA); os estaduais baianos Robinho, Leandro de Jesus e Diego Castro; além de Lucas Pollese, deputado estadual pelo Espírito Santo. Virtualmente, participaram os federais Coronel Zucco (RS), Marcos Pollon (MS), além dopresidente da Comissão Fundiária da Farsul (RS), Paulo Ricardo Souza Dias.
Um volumoso grupo de produtores rurais, vereadores, representantes municipais, de associações e sindicatos das cidades de Ilhéus, Una e Canavieiras, marcaram presença em apoio ao MIZ.
Abrindo os pronunciamentos, a fundadora e coordenadora nacional do Invasão Zero, Dida Souza, agradeceu o apoio de todos e reforçou a união do movimento:“Estamos aqui para defender um direito constitucional. Nossa luta é contra o desrespeito e as invasões. Contem conosco”, declarou.
A Origem do Movimento e o Papel do Agro
Um dos fundadores do MIZ, Luiz Henrique Uaquim, relembrou que o movimento nasceu na cidade baiana de Santa Luzia, após uma invasão de terras, e hoje está presente em mais de 200 municípios na Bahia e em 14 estados do país:“Iniciamos essa caminhada com planejamento e hoje mostramos que não há justificativa para invadir propriedades produtivas. O agro é responsável por 36% dos empregos e por mais de 40% das exportações do país”.
Críticas ao Governo e Apelo pela Mobilização
Na sequência, Coronel Zucco (RS), líder da oposição e Presidente da Frente Parlamentar Invasão Zero, disse que esse é um movimento espontâneo de homens e mulheres do campo que resolveram se unir para proteger o que é seu por direito. “Se consolida como uma das mais legítimas e necessárias respostas da sociedade brasileira contra o avanço da criminalidade transvertida de militância social”, denunciou.
No mesmo sentido, o deputado federal e autor do projeto de lei 709/2023 que visa pôr fim às invasões de propriedades, Marcos Pollon (MS), falou sobre condutas a serem adotadas no caso de pretensas invasões e esbulhos possessórios, destacando institutos jurídicos como o interdito proibitório, além de reforçar seu apoio absoluto ao MIZ. “Convém formar associações em cada região com uma empresa, com um corpo de segurança próprio, dentro da lei, que esteja treinada e apta para fazer a defesa dos pontos de invasão, buscando desforço imediato”.
O deputado federal e diretor de segurança da Frente Parlamentar da Agricultura, Coronel Meira (PE), apresentou o documento “Instrumentalização do Acesso à Terra”, que denuncia políticas governamentais que, segundo ele, estimulam ocupações ilegais:“O governo premia a irregularidade. Somente em 2025 já foram 25 invasões em 17 estados”.
O coordenador do MIZ em Pernambuco, José Antônio, incentivou a mobilização individual:“Não transfira a responsabilidade de defender sua terra. Esteja junto. Faça parte”.
Segurança Pública e Denúncia de Abusos
Capitão Alden, deputado federal pela Bahia, apresentou um panorama alarmante da segurança pública no estado:“A Bahia lidera os índices de violência há nove anos. Já são mais de 100 mil assassinatos em duas décadas. Também encabeçamos o número de invasões de propriedades”.
Do Espírito Santo, o deputado Lucas Pollese relatou a crescente atuação do MST em seu estado e destacou o papel das redes sociais na denúncia desses atos:“Isso precisa ser enfrentado visceralmente”. Ele, que está engajado junto ao MIZ, se organiza com os coordenadores para realizar a próxima edição do evento em seu estado.
Tecnologia, Propriedade e Reação da Sociedade
O deputado estadual baiano Leandro de Jesus apresentou o aplicativo Alerta Rural, ferramenta que visa criar uma rede de proteção no campo:“Quando se trata de direito de liberdade, direito de propriedade, resgatar a nossa Bahia e o nosso Brasil, defender as nossas famílias, nós não podemos falar em hipótese alguma em cansaço”.
Diego Castro (BA), presidente da Comissão de Segurança Pública e de Direitos Humanos na ALBA, classificou o movimento como um marco civilizatório, e acrescentou:“Há ações orquestradas contra a propriedade privada. A sociedade precisa reagir à altura”.
Robinho (BA), também deputado estadual, afirmou que o problema não é social, mas ideológico:“Vivemos uma inversão de valores. Defender o que é certo é um dever de todos”, reforçando a importância das associações.
Em vídeo, Paulo Ricardo Souza Dias, presidente da Comissão Fundiária Farsul (RS), declarou:“O direito de propriedade é inegociável. Precisamos formar uma grande rede de inteligência para nos anteciparmos às invasões”.
Questão Indígena no Extremo Sul da Bahia
O Tenente Coronel da reserva França abordou o caso do território em torno do Monte Pascoal, contestando a demarcação de 52.748 hectares como terra tradicional Pataxó:“O IBGE, a UFBA, estudos arqueológicos citam que os pataxós não habitaram aquela região em um local e em um ponto específico de ancestralidade. Eram nômades, viviam mais ao interior, não tinham agricultura”, destacou, ao mencionar que esses dados foram apresentados pela Funai, pelas Universidades e pelo próprio laudo antropológico para justificar a demarcação de uma área com 71 propriedades rurais invadidas.
Próximos Passos
Ao final do evento, foi reafirmado o compromisso coletivo com o fortalecimento do MIZ e a expansão do movimento em todo o país. A realização do fórum foi considerada um sucesso absoluto, consolidando a Bahia como o start de uma articulação nacional em defesa da legalidade e da propriedade rural.