A ONG Socioambientalista PRÓ-MAR, deu início nesta segunda-feira (02), no auditório da Autoridade Portuária da Bahia (CODEBA), a 1ª Semana Oceânica da Bahia, iniciativa que acontece até o dia 06 de junho com ações em Salvador, Ilha de Maré, Vera Cruz e Itaparica. A abertura do evento contou com uma roda de conversa sobre “A Importância ecológica e econômica da Baía de Todos os Santos e sua gestão” com a participação de Antônio Gobbo, diretor-presidente da CODEBA, Luana Pimentel, diretora de ESG da 2tree Ambiental, André Fraga, vereador, Samir Abdalla, coordenador do núcleo de sustentabilidade da Associação Comercial da Bahia (ACB) e do diretor de Projetos da PRÓ-MAR, Zé Pescador.
“Este primeiro dia de evento propôs um diálogo construtivo entre setores público, privado, acadêmico e social, com o objetivo de pensar caminhos integrados para o futuro da Baía de Todos os Santos (BTS), território de enorme relevância ecológica, cultural e econômica. “Nesta mesa redonda reunimos diferentes perspectivas para discutir os desafios e oportunidades em torno da conservação e uso sustentável da Baía, com foco na gestão dos conflitos socioambientais”, destaca Zé Pescador.
O diretor-presidente da CODEBA, Antônio Gobbo abriu o evento falando sobre a importância da participação e apoio à esta iniciativa. “É uma honra estar participando e sediando a 1ª Semana Oceânica da Bahia, um momento único e essencial para que as pessoas tomem consciência da importância que a saúde da Baía de Todos Santos exerce sobre as vidas de todos nós. É importante manter a Baía saudável e manter todas as comunidades que vivem da BTS assistidas, não somente as comunidades tradicionais, mas toda a cadeia produtiva da economia do mar que perpassa pela Baía de Todos Santos. Que é o coração aqui da nossa terra”, disse Gobbo.
Diretora de ESG da 2tree Ambiental, Luana Pimentel falou sobre a importância da ação numa semana tão simbólica como esta, em que celebramos o Dia Mundial do Meio Ambiente (05) e o Dia Mundial dos Oceanos (08). “A ideia desta roda é transmitir as questões conceituais sobre os serviços ecossistêmicos e ambientais presentes na Baía de Todos os Santos (BTS) e a importância do papel das comunidades tradicionais na manutenção desses ativos ambientais e como a iniciativa privada pode valorar e monetizar esses serviços, transformando a compensação dos seus passivos em ativos. Há um simbolismo grande em iniciar a Semana Oceânica, organizada pelo terceiro setor, na sede da Autoridade Portuária da Bahia e com representantes dos setores público, privado e da sociedade civil, unindo todos os elos de governança e colocando em pauta demandas e oportunidades para a gestão costeira e marinha na capital da Amazônia Azul”, destaca Luana Pimentel.
Samir Abdalla destacou a importância da conexão entre sociedade, poder público e empresarial para encontrar soluções que contribuam para sanar questões deficitárias existentes na BTS, reduzindo desta forma os impactos negativos gerados por determinadas atividades executadas na região. “Essas soluções em boa parte das vezes passam por oferecer uma estrutura adequada para a realização destas atividades, criando oportunidades que mitiguem os danos causados à Baía e que tragam melhor qualidade de vida para os trabalhadores. Nossas políticas públicas precisam compreender e envolver os pescadores, as marisqueiras, os ribeirinhos e setor empresarial. São eles que vão atuar ativamente na fiscalização e combate de ações que geram impactos negativos ao ambiente e à própria comunidade, promovendo o desenvolvimento sustentável”.
Para o vereador e ativista ambiental André Fraga, a integração entre os atores é o principal desafio para a gestão sustentável dos recursos ambientais. “Como é que a gente integra o poder público, a sociedade civil organizada, o setor privado e a academia? Muitas vezes existem visões que conflitam, mas na maior parte das vezes as visões se associam. Independente de visão partidária ou não, o foco precisa ser o resultado. Mas esse resultado na pauta ambiental é conservação, preservação, exemplos, e incentivos para que as políticas públicas saiam do papel e a gente possa juntar todo mundo a partir dos exemplos colocados em prática, como o Parque Marinho da Barra, Parque Pedra de Xangô, dentre outros.
Com uma vasta experiência em iniciativas que visam a mitigação dos impactos ambientais que agridem o ecossistema marinho costeiro e na restauração de corais na BTS, Zé Pescador trouxe em sua apresentação um exemplo de como uma espécie de coral bioinvasor, o Coral Sol, se tornou uma solução para a recuperação dos recifes de coral na BTS. “Temos hoje na Baía de Todos os Santos aproximadamente quatro mil colônias de Millepora alcicornis (coral de Fogo), cultivadas e monitoradas pela PRÓ-MAR e pela Carbono 14, num trabalho desenvolvido com apoio de empresas como Petrobras e Braskem, e participação de pesquisadores da Universidade Federal da Bahia. Essas colônias são cultivadas utilizando esqueletos de Coral Sol como substrato para criação de “sementeiras” que servem como berçários para o desenvolvimento das colônias nativas”, destaca Zé Pescador.
“Achei muito importante os temas abordados neste primeiro dia. Tivemos a oportunidade de saber mais sobre a restauração ambiental dos ecossistemas envoltos na BTS e como cada um de nós podemos fazer parte desse processo em que também estamos envolvidos”, avaliou Claudiane Santos, integrante da Associação Quilombola dos Moradores, Pescadores e Marisqueiras da comunidade de Porto dos Cavalos, Martelo e Ponta Grossa, na Ilha de Maré e do Conselho Fiscal do Instituto de Pesca Artesanal (IPA).
Agenda segue até o dia 06 de junho
O segundo dia do evento (03), acontece na Associação Quilombola, em Ilha de Maré, das 8h às 12h. Denominado como “Momento ciência cidadã”, a roda de conversa “Mar vivo, comunidade forte: Como podemos agir pela conservação marinha?”, trará lideranças femininas comunitárias da Ilha de Maré para dialogar sobre os impactos da conservação marinha no cotidiano da comunidade. Mediada por Zé Pescador, a roda de conversa com Alessandra Silva, fundadora do Instituto de Pesca Artesanal (IPA), Talita Maciel, restauradora do Projeto Corais de Maré e Luana Brasil, membro da Associação Quilombo Porto dos Cavalos, propõe uma escuta ativa e o fortalecimento dos saberes locais, reconhecendo o papel essencial das comunidades tradicionais na proteção dos ecossistemas costeiros e na construção de um futuro sustentável.
Em seu terceiro dia (04), o evento propõe o Momento Universidade, com um ciclo de palestras sobre “Os desafios e avanços na conservação dos ecossistemas marinhos da Baía de Todos os Santos”. Tendo à frente um time de pesquisadores e professores do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração da Universidade Federal da Bahia (PELD/UFBA), composto por Igor Cruz, Camila Brasil, José Amorim e Rodrigo Maia as palestras irão abordar temas como biodiversidade, impactos antrópicos, monitoramento ambiental e estratégias de preservação. Durante os intervalos das palestras, estudantes previamente selecionados terão a oportunidade de apresentar suas pesquisas na área de oceanografia em formato de pitch. A ação acontece das 09h às 12h, no auditório Milton Santos, localizado no Instituto de Geociências (IGEO/UFBA), campus de Ondina.
No quarto e quinto dia de evento, a iniciativa chega à ilha de Itaparica. Na quinta-feira (05), data em que é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente, das 8h às 16h, acontece na sede da ONG Socioambientalista em PRÓ-MAR, em Mar Grande, o Momento Mão na Massa. Neste dia, a programação inclui uma série de ações voltadas à conservação do ecossistema coralíneo com visitação aos berçários de corais instalados no Recife das Pianúnas, passo a passo da produção das sementeiras e troca de experiências sobre restauração, inauguração do Memorial do Mar e limpeza de praia.
Dedicado à Educação Ambiental, o quinto e último dia de evento acontece na sexta-feira (06), no auditório da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), um aulão sobre Restauração e Conservação Marinha com exibição do filme Procurando Nemo.
Com patrocínio da Acelen e CS Porto e apoio institucional da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), Companhia das Docas do Estado da Bahia (CODEBA) e Fundação Baía Viva, a primeira Semana Oceânica da Bahia acontece de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas para Agenda Brasil 2030. Sendo as principais bandeiras os ODS 8 (Trabalho digno e crescimento econômico), 9 (Inovação e infraestruturas), 10 (Reduzir as desigualdades), 12 (Produção e consumo sustentáveis), 13 (Combate às alterações climáticas), 14 (Oceanos, Mares e Recursos Marinhos). Além destes, atende ainda os ODS 15 e 17, que tratam respectivamente sobre “Ecossistemas terrestres e biodiversidade” e “Parcerias para o desenvolvimento”.
Crédito ASCOM CODEBA
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