Avançar na direção de explorar o potencial de estocagem de gás natural no país, garantindo abastecimento e segurança energética a vários agentes econômicos, será o principal tema do debate que ocorrerá no dia 29/05 (quinta-feira), às 16h, no Bahia Oil& Gas Energy (BPGE), Plenária Eneva – Norte, no Centro de Convenções da Bahia. O evento contará com a participação de Celso Silva, CEO da GBS Storage; Cristina Sayão, Gerente de Assuntos Regulatórios da TAG; Rafael Ribeiro, Diretor de Novos Negócios da Brava; e Valéria Santana, trader de Gás da Eneva.
A GBS Storage, empresa focada em soluções de estocagem subterrânea de gás natural, pertencente à gestora de investimentos Lorinvest, acaba de adquirir mais 10% de participação no Campo de Manati (Bahia), produtor de gás natural não associado. A fatia foi comprada da empresa GeoPark e, com isso, a GBS dobrou sua participação no campo, passando a deter 20% do ativo. O consórcio produtor é complementado pela Petrobras (operadora, com 35%) e pela Brava (45%). A operação deverá iniciar no segundo semestre de 2026.
O aumento de participação da GBS é mais um passo da companhia no sentido de ampliar a vida útil de Manati, transformando-o em um campo subterrâneo de armazenamento de gás natural. A empresa também avalia outros campos potenciais para novas aquisições de estocagem subterrânea de gás natural (ESGN), inclusive no Nordeste.
A transação com a GeoPark foi realizada por meio de uma contraprestação total de US$ 1 milhão (líquido de US$ 12 milhões de passivos relacionados a obrigações de descomissionamento ou abandono). Também envolveu ajustes de capital de giro e pagamentos contingentes com base no desempenho do campo ou em sua potencial conversão para uma instalação de armazenamento de gás natural.
“Este acordo nos permite inaugurar o serviço de estocagem de gás no país, garantindo abastecimento e segurança energética a vários agentes econômicos, por meio de um sistema flexível e resiliente. A estocagem de gás natural é uma solução para o declínio do Campo de Manati e é uma oportunidade de reforço no suprimento da molécula de gás”, afirma Celso Silva, CEO da GBS Storage.
Campo de Manati
O Campo de Manati já foi um dos maiores produtores de gás natural não associado no Brasil, sendo responsável por mais da metade da produção da Bahia. Ele está localizado a 10km da costa do município de Cairu, no sul do estado, em lâmina d’água entre 35 e 50 metros.
O campo tem reservas líquidas 1P PRMS de 1,0 mmboe (99% de gás natural), com base na certificação da D&M no final do ano de 2024. A produção líquida durante 2024 foi em média de 222 boepd.
A operação do campo teve início em 2007, com a produção de 6 poços submarinos para uma Plataforma fixa de Manati – PMNT-1. Um gasoduto de 125 km e diâmetro de 24 polegadas liga a Plataforma à Estação de Tratamento de Gás Vandemir Ferreira – EVF, no continente. Há ainda uma estação de compressão- SCOMP, localizada a 36 km de PMNT-1.
A entrada da GBS no negócio ocorreu em novembro de 2023, quando a companhia adquiriu da PRIO uma primeira fatia de 10% do campo. Em março de 2024, Manati teve a produção paralisada para manutenção, em atendimento a requisitos da ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Desde então, a Petrobras vem atuando nas intervenções necessárias, como operadora. A expectativa do Consórcio é de que a produção seja retomada em abril de 2025.
Estocagem de gás natural
A estocagem de gás natural é um projeto inédito no Brasil, um tipo de infraestrutura que apresenta novas soluções para a abertura do mercado no país. O objetivo é atender à crescente demanda por soluções flexíveis que facilitem a movimentação do energético, de forma a oferecer mais liquidez e segurança aos players que atuam no mercado de gás natural. Além disso, a estocagem de gás natural é uma solução para o declínio do Campo de Manati e é uma oportunidade de reforço no suprimento da molécula de gás.
O serviço de estocagem é amplamente utilizado nos Estados Unidos e na Europa para garantir a segurança e a flexibilidade do sistema energético, mas ainda é inédito no Brasil.
A iniciativa vem como mais um dos desdobramentos da Nova Lei do Gás, vigente no Brasil desde 2021. A estocagem é fundamental para balancear as curvas de produção e consumo de gás natural, e sua consolidação contribuirá para a redução da dependência do Brasil sobre a molécula importada. No contexto de desenvolvimento do mercado de gás, o projeto beneficiará a produção da molécula nacional e pode incentivar a entrada de novos fornecedores e consumidores do insumo na malha nacional.