A Igreja Matriz da Paróquia Santo Antônio Além do Carmo, um dos templos mais antigos e emblemáticos de Salvador, será oficialmente elevada à condição de Santuário Arquidiocesano de Santo Antônio Além do Carmo neste sábado, 31 de maio de 2025, durante Missa Solene às 19h, presidida pelo Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil, Cardeal Dom Sergio da Rocha. A Celebração Eucarística deverá reunir fiéis de diversas regiões da capital e do estado.
Um marco da fé e da história
Fundada em 1594 por Cristóvão de Aguiar Daltro como uma capela de pau a pique, a Igreja de Santo Antônio Além do Carmo está situada no Centro Histórico de Salvador, além dos antigos limites da cidade colonial. O templo é testemunha de momentos cruciais da história baiana, como a resistência às invasões holandesas no século XVII. Foi neste cenário que o célebre padre Antônio Vieira proferiu o sermão “À beira das trincheiras”, dirigindo-se aos soldados que defendiam a capital contra as tropas de Nassau.
Com o passar dos séculos, a Igreja foi sendo ampliada e reformada, ganhando traços arquitetônicos do estilo rococó. Sua fachada assimétrica, com uma única torre inacabada, guarda histórias e lendas, como a do coronel que prometeu terminar a construção apenas quando sua filha se casasse — o que nunca ocorreu.
A decisão de elevar a Igreja a Santuário foi fruto de um processo de discernimento pastoral e histórico, que teve como base a intensa devoção popular a Santo Antônio, especialmente durante a tradicional trezena celebrada anualmente. “Mais de 10 mil pessoas participaram da trezena campal no ano passado. É o povo que faz o santuário, escolhendo esse lugar como referência espiritual e de peregrinação”, afirmou o pároco, padre Jailson Jesus.
A devoção a Santo Antônio em Salvador é antiga e marcante. Embora nunca tenha sido oficialmente declarado padroeiro da cidade pela Igreja, Santo Antônio foi o primeiro protetor da capital baiana reconhecido pela Câmara Municipal e pelo imaginário popular. Desde a fundação da Igreja Santo Antônio Além do Carmo, em 1594 — a primeira dedicada a Santo Antônio no Brasil — até relatos lendários de sua aparição no Dois de Julho, o santo é considerado um guardião espiritual da cidade.
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