Cerca de 60 baianas participaram de uma capacitação do programa Sou Salvador, na manhã desta quarta-feira (28), no auditório da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), no Comércio. Durante a aula, elas aprenderam sobre organização do tabuleiro, cuidados com a vestimenta tradicional, planejamento financeiro, atendimento ao turista, precificação e controle emocional. O objetivo é promover a qualificação e aprimoramento dos negócios das baianas de acarajé e, ao mesmo tempo, fortalecer o turismo na capital baiana.
As vagas são divulgadas na página da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda (Semdec) no Instagram (@semdecsimmsalvador). A capacitação ocorre até esta quinta-feira (29) e baianas interessadas ainda podem se dirigir ao local no segundo dia, para realizar a inscrição e participar da aula.
A diretora de Empreendedorismo e Afronegócios da Semdec, Maylla Pita, conta que a condução da capacitação visa a qualificação da performance das baianas e baianos de acarajé, mas sem que esses profissionais abram mão da tradição. “A gente está fazendo mais uma qualificação do Sou Salvador, essa muito especial, respondendo a uma demanda da Associação das Baianas de Acarajé (Abam). Temos uma programação de dois dias para falar sobre pautas superimportantes na atuação empreendedora das baianas, com acesso a conteúdos de precificação e a conteúdos estruturantes para a comercialização dos seus produtos, mas sempre tendo uma atenção à peculiaridade desse ofício, que é registrado como patrimônio imaterial”, revela.
Baiana de acarajé há quase 30 anos, Neuza Galiza, de 54 anos, conta que participa de todas as turmas disponíveis. “Eu faço questão de participar, porque é mais um aprendizado, é bom para a gente. Aprendizado nunca é o bastante e cada vez que a gente faz um curso, aprende mais. Eu já tenho vários certificados, já tomei curso básico de inglês, curso da Vigilância Sanitária de Salvador e vários outros. Eu acredito que esses cursos ajudam muito e por isso mesmo eu valorizo. Eu incentivo minhas amigas também a participar: turbante, maquiagem, tudo que tem a gente vai”, diz.
Já o baiano de acarajé Márcio Brito, 46 anos, fez o curso pela primeira vez. “A minha expectativa é evoluir como profissional e também como pessoa através desse conhecimento. Eu soube do curso através da associação e de outras baianas. Em primeira mão, eu quero parabenizar a Prefeitura, porque é difícil encontrar cursos desse nível e de graça. Vou buscar agora novas turmas”, conta ele, que aprendeu o ofício da produção e venda de acarajé com os pais, que por sua vez aprenderam com a avó dele. Com ponto em Piatã, atualmente, ele já passou o conhecimento para a esposa e as filhas.
Além de promover o ensino técnico, as capacitações são também um local de troca de experiências entre as participantes, um espaço de acolhimento e de fortalecimento da identidade cultural das baianas. Essas profissionais desempenham um papel fundamental na recepção de turistas e na disseminação da cultura afro-brasileira, especialmente por meio da gastronomia típica. Todas as participantes do curso são credenciadas pela Semop e vinculadas à Associação das Baianas de Acarajé, Receptivo, Mingau e Similares (Abam).
Desde o lançamento, em novembro de 2021, o Sou Salvador já capacitou mais de 1,4 mil ambulantes, com a expectativa de beneficiar pelo menos mais mil até o fim deste ano de 2025. O programa vai além das capacitações das baianas de acarajé, se estendendo também a ambulantes de diversos segmentos, proporcionando a todos a chance de se profissionalizar, garantindo que os trabalhadores autônomos de rua, que fazem parte do cotidiano de Salvador, ofereçam um serviço de qualidade e seguro.
Os trabalhadores contam com a orientação contínua dos agentes de empreendedorismo do Parque Social, que acompanham as necessidades dos participantes e prestam orientações sobre finanças, comportamento profissional, acesso ao crédito e monitoramento do atendimento. Além das capacitações, os participantes recebem certificado, fardamentos padronizados, contendo identificação numérica e códigos QR que permitem o monitoramento e a avaliação dos serviços prestados ao público.
Fotos: Lucas Moura/Secom PMS