quinta, 22 de maio de 2025
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INFECÇÕES BUCAIS PODEM COMPROMETER CIRURGIAS, PROLONGAR INTERNAÇÕES E ELEVAR RISCOS PARA ADULTOS E CRIANÇAS

VICTOR OLIVEIRA - 22/05/2025 14:06

No Hospital Ortopédico do Estado da Bahia (HOEB), unidade pública gerida pelo Einstein, com atendimento 100% pelo SUS, o trabalho da odontologia vai muito além do cuidado com os dentes. Atuando de forma sistêmica e integrada à equipe multidisciplinar, o cirurgião-dentista exerce papel fundamental na prevenção de infecções, no apoio ao conforto dos pacientes e na segurança dos procedimentos cirúrgicos.

No primeiro trimestre de 2025, o serviço odontológico da unidade realizou mais de 1.200 atendimentos em pacientes internados e acompanhou 100% dos casos em UTI, com um índice de infecção pós-operatória buco-relacionada inferior a 0,5%. Os dados reforçam a importância de uma odontologia hospitalar ativa e integrada — modelo ainda raro em unidades públicas no Brasil.

Segundo a cirurgiã-dentista Cristiane Rivas, todos os pacientes internados passam por avaliação, sendo preparados para realizar procedimentos sem o risco de infecções secundárias. “Na presença de infecção oral ou de focos, a odontologia realiza procedimentos como raspagens e extrações para evitar que essas bactérias se disseminem pelo organismo, atingindo órgãos vitais como rins, coração, pulmões e cérebro”, explica. A especialidade é fundamental para realização dos procedimentos no hospital.

Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)  o foco principal é a prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica — uma das principais causas de mortalidade em pacientes internados. De acordo com o Ministério da Saúde, a presença de cirurgiões-dentistas na UTI pode reduzir esse tipo de ocorrência em até 56% e diminuir o tempo de internação em cerca de dois dias, gerando impacto direto na recuperação e nos custos hospitalares.

“O cirurgião-dentista na UTI consegue reduzir tempo de intubação, taxa de mortalidade e infecções, favorecendo uma recuperação mais rápida do paciente”, ressalta a especialista.

Na pediatria, o trabalho é voltado principalmente para crianças com condições neurológicas complexas, como microcefalia, zika vírus e paralisia cerebral. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 60% das crianças com essas deficiências apresentam dificuldades na mastigação e higiene oral. No HOEB, a orientação aos pais e, em alguns casos, a realização de intervenções sob sedação em centro cirúrgico — com o uso de recursos como relaxantes musculares e toxina botulínica — têm contribuído significativamente para a qualidade de vida desses pequenos pacientes e seus familiares.

Além da função preventiva, a odontologia no HOEB também promove dignidade e bem-estar, especialmente em pacientes em cuidados paliativos, ao proporcionar mais conforto, melhor capacidade de sorrir, se alimentar e manter uma rotina com mais qualidade. Estudos demonstram que intervenções odontológicas em pacientes paliativos contribuem para uma melhora significativa nos níveis de dor, aumento da autoestima e melhor alimentação, promovendo mais dignidade no fim da vida.

Foto: Freepik

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