Uma força-tarefa com mais de 20 mergulhadores retirou 2.939,425Kg do coral invasor Chromonephthea braziliensis das águas da Ilha de Itaparica. A operação subaquática, que começou na última sexta-feira (16) e seguiu até terça-feira (20), mobilizou instituições públicas, ONGs e universidades em um esforço conjunto de conservação marinha. Agora, o trabalho entra em uma nova fase, o monitoramento das áreas afetadas.
A ação foi coordenada pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), com atuação direta da ONG Pró-Mar. O trabalho contou ainda com o apoio da Marinha do Brasil, da Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ibama e de universidades.}
Detectado há cerca de um ano por pescadores locais, o coral Chromonephthea braziliensis preocupa especialistas devido à sua rápida proliferação e capacidade de causar danos à biodiversidade nativa. A espécie compete por espaço com corais locais e libera substâncias químicas que dificultam sua predação e podem provocar necrose em outros organismos marinhos.
A bióloga e pesquisadora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Tatiane Aguiar, explicou que após esses cinco dias de ação vai entrar em uma nova etapa, que é o monitoramento. “A ideia é acompanhar a possível recolonização das áreas onde os organismos foram retirados. Vamos observar se eles retornam, em quanto tempo isso acontece e em que ritmo. Para isso, o apoio da comunidade é fundamental, como eles têm mais acesso ao local, podem ajudar com uma vigilância contínua e nos informar caso percebam esse retorno. Esse acompanhamento é essencial para entendermos os efeitos da intervenção. Precisamos saber se os organismos voltam, em quanto tempo, ou se não retornam. Essas informações vão orientar as próximas etapas do trabalho. É um processo longo, mas muito importante e que precisa ser feito”, reiterou Aguiar.
Segundo Tiago Porto, diretor de Políticas e Planejamento Ambiental da Sema, a operação representa um passo importante na contenção da espécie invasora. “Em apenas cinco dias de trabalho intenso na Baía de Todos-os-Santos, conseguimos remover cerca de 3 mil quilos de uma espécie invasora de coral. Ainda estamos construindo caminhos para garantir a continuidade desses trabalhos, cada espécie invasora, em cada território, exige uma resposta específica. E para isso, a participação da sociedade é essencial, tanto na identificação de novas ocorrências quanto na construção de soluções. Proteger nossos ecossistemas é uma responsabilidade compartilhada. É hora de agirmos juntos”, destacou Porto.
Fotos: Ludmille Nazaré / Ascom Sema