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NOVA PROPOSTA PARA O DIAGNÓSTICO DA OBESIDADE AJUDAR A PREVENIR AGRAVAMENTO DA DOENÇA

João Paulo - 19/05/2025 13:40

Associada ao aumento de casos de doenças crônicas, como as do coração, acidente vascular cerebral, diabetes e neoplasias, a obesidade, que pode ser tratada com acompanhamento médico e mudanças de hábitos, apresenta uma tendência crescente entre crianças e adultos no Brasil e no mundo. De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2024, até 2035, mais de 750 milhões de crianças e jovens, com idade entre 5 e 19 anos, por exemplo, deverão viver com sobrepeso e obesidade. Atualmente, este número é de 1 a cada 3 crianças no país, mas pode chegar a 50% nos próximos 10 anos.

Dados do Ministério da Saúde apontam que os óbitos por obesidade como causa básica apresentaram um crescimento de 33,3%, passando de 2.699 para 3.599 casos, entre 2016 e 2023. Quando considerada como causa múltipla, as mortes pela doença registraram um aumento mais significativo: de 9.397, em 2016, para 15.831 em 2023, o que representa um crescimento de 68,5%. Ainda conforme o órgão federal, o número de internações no país, entre 2019 e janeiro de 2025, chegou a 62.490. No mesmo período, a Bahia registrou a internação de 1.078 pessoas.

Em contribuição para diagnósticos mais precisos dessa doença, especialistas de diversos países, que integram a Lancet Commission, vêm discutindo e apresentando novos métodos para avaliação desses pacientes. Um documento apresentado por essa comissão e publicado no dia 14 de janeiro de 2025, pela revista científica The Lancet Diabetes & Endocrinology, sugere, como um dos grandes pontos do debate, a diferenciação entre obesidade clínica e pré-clínica. O texto contou com a participação de 58 especialistas e é o endosso por sociedades de mais de 70 países.

A médica endocrinologia e consultora do Sabin Diagnóstico e Saúde, Thaisa Trujilho, destaca que a nova abordagem sugerida tem como primeiro passo a confirmação de adiposidade, que é o excesso de gordura corporal. “Essa avaliação pode ser feita avaliando o IMC associado a um outro critério antropométrico, que pode ser a circunferência da cintura, razão cintura-quadril e razão cintura-altura, ou, no caso de não ser feito o IMC, a realização de dois critérios antropométricos. A outra forma é por medição direta da gordura por avaliação de composição corporal por densitometria de corpo inteiro e/ou por bioimpedância”, informa.

O segundo passo, de acordo com a especialista, é o diagnóstico de obesidade clínica, que é realizado após a confirmação do excesso de adiposidade; ou seja do diagnóstico da doença. “Esta avaliação é realizada por meio de achados de histórico médico, exame físico, testes laboratoriais ou outros testes diagnósticos, conforme necessidade de cada paciente”, explica a especialista, acrescentando que essa etapa requer analisar a função alterada de órgão ou tecido devido à obesidade, isto é, presença de sinais, sintomas ou testes diagnósticos mostrando anormalidades.

As funções alteradas em adultos podem ser observadas avaliando se o paciente apresenta dores de cabeça recorrente e perda de visão por aumento da pressão intracraniana, apneia do sono, falta de ar por dificuldade de expansão do diafragma, insuficiência do coração, arritmias, hipertensão da artéria pulmonar e arterial, trombose nas veias, aumento da glicemia, triglicerídeos e redução do HDL colesterol, gordura no fígado, alteração da função dos rins, dentre outros.

A especialista destaca que muitos critérios são usados para o diagnóstico de obesidade clínica em crianças e adolescentes, como falta de ar, que ocorre devido à redução da complacência pulmonar; pressão arterial elevada; apneia ou hipopneia do sono; alterações menstruais nas meninas, a exemplo da anovulação (ausência de ovulação) e síndrome dos ovários policísticos; elevação dos níveis glicêmicos, com triglicerídeos altos e HDL colesterol baixo; incontinência urinária; e gordura no fígado

“A limitação importante da obesidade na mobilidade diária, ajustada à idade ou ao comprometimento das atividades básicas cotidiana, como tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro e fazer a higiene pessoal, são sinais que devemos considerar no diagnóstico”, afirma a endocrinologia, acrescentando que os pacientes com excesso de adiposidade, mas que não apresentam nenhum dos dois critérios de obesidade clínica, deverão ser considerados como portadores de obesidade pré-clínica, que se caracteriza por ter risco aumentado para desenvolver outras doenças.

Exames laboratoriais

Considerado o teste mais comum no Brasil, o exame de sangue é um dos procedimentos que podem ser indicados para avaliar os riscos associados à obesidade. A avaliação permite detectar níveis elevados de glicose, colesterol e triglicerídeos, o que pode indicar maior risco para doenças como diabetes tipo 2 e problemas cardíacos, ambos associados à obesidade. O exame pode ser realizado com regularidade, mediante a orientação médica e necessidade do paciente, especialmente para pessoas com fatores de risco, como histórico familiar de doenças metabólicas ou obesidade.

 

Foto: Shutterstock

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