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CIGARRO ELETRÔNICO TAMBÉM MATA: ESPECIALISTAS ALERTAM PARA RISCOS DO VAPE E REFORÇAM OS PERIGOS DO TABAGISMO TRADICIONAL

João Paulo - 19/05/2025 14:40

No Dia Mundial sem Tabaco, celebrado em 31 de maio, especialistas soam o alerta sobre os perigos cada vez mais presentes do tabagismo — agora impulsionado pelo avanço dos cigarros eletrônicos entre os mais jovens. Embora a Bahia registre uma das menores taxas de fumantes do país (9,7% da população adulta, segundo a Secretaria da Saúde do Estado), os impactos à saúde provocados pelo fumo — em suas mais diversas formas — continuam alarmantes e crescentes.

O tabagismo  pode causar cerca de 50 doenças diferentes, entre elas, doenças respiratórias, cardiovasculares e diferentes tipos de câncer , tais como, câncer de pulmão, de boca, de laringe, de esófago, de estômago, de pâncreas, de rim e de bexiga.

Segundo a pneumologista Fernanda Aguiar, coordenadora da Medicina Respiratória do Hospital Mater Dei Salvador (HMDS), “o cigarro é um dos principais fatores de risco para doenças respiratórias e cardiovasculares. Mesmo com a redução no número de fumantes, os danos causados pelo tabagismo ainda são alarmantes”.

Vape: porta de entrada para o vício

Um dos motivos de preocupação crescente entre os médicos é o uso de cigarros eletrônicos — os chamados vapes ou pods — que vêm conquistando adolescentes e jovens adultos com sabores adocicados, embalagens coloridas e falsa ideia de menor toxicidade. Vendidos como “alternativas menos nocivas”, esses dispositivos muitas vezes contêm ainda mais nicotina do que os cigarros convencionais, além de substâncias tóxicas que afetam diretamente os pulmões. “Estamos enfrentando uma nova geração de dependentes”, alerta Fernanda Aguiar. “O apelo visual e a sensação enganosa de segurança fazem com que muitos adolescentes iniciem o uso do vape muito cedo, comprometendo a saúde pulmonar antes mesmo da vida adulta”, completa.

Estudos recentes já identificaram nos usuários de vapes sinais de doenças pulmonares graves, inflamações nas vias respiratórias e aumento no risco de desenvolver dependência química precoce. Além disso, o uso contínuo desses dispositivos pode ser um passo direto para o cigarro tradicional.

DPOC: consequência silenciosa

Entre os diversos males causados pelo tabagismo está a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), enfermidade irreversível que afeta a respiração e reduz drasticamente a qualidade de vida. A DPOC engloba condições como bronquite crônica e enfisema pulmonar e tem como principal causa a exposição contínua à fumaça do cigarro — seja ela ativa ou passiva.

Os sintomas mais comuns incluem falta de ar progressiva, tosse crônica, chiado no peito e cansaço constante. A DPOC avança silenciosamente e, em muitos casos, só é diagnosticada em estágios avançados, quando os pulmões já sofreram danos permanentes. “É uma doença debilitante, que compromete a capacidade de realizar atividades simples do dia a dia e pode evoluir para necessidade de oxigênio contínuo”, explica Fernanda Aguiar.

Fumar afeta todo o corpo

Além das doenças mais graves, o cigarro compromete visivelmente a saúde bucal, provocando mau hálito, escurecimento dos dentes, maior risco de infecções gengivais e câncer de boca. As unhas podem ficar amareladas, e a pele perde o viço, acelerando o envelhecimento. Em muitos casos, o fumante enfrenta também perda do paladar, cansaço crônico e queda da imunidade.

Fumantes passivos — pessoas que não fumam, mas convivem com a fumaça — também enfrentam riscos reais à saúde. A exposição ao fumo pode aumentar em até 30% a chance de desenvolver câncer de pulmão, além de estar associada a doenças cardíacas e respiratórias. A asma, por sua vez, é agravada em pacientes fumantes, e crianças expostas ao fumo têm risco maior de desenvolver a doença.

Benefícios da cessação do tabagismo

A boa notícia é que parar de fumar é possível — e vale a pena. Em 20 minutos, a pressão arterial começa a normalizar. Após 12 horas, o nível de monóxido de carbono no sangue retorna ao normal. Em poucas semanas, a função pulmonar melhora e a circulação sanguínea se fortalece. “Nunca é tarde para parar de fumar. Os benefícios para a saúde são significativos em qualquer idade, e a qualidade de vida melhora consideravelmente”, reforça a pneumologista.

Buscar ajuda médica especializada, contar com acompanhamento psicológico e integrar grupos de apoio podem fazer toda a diferença. Muitos baianos já venceram esse vício, e cada vez mais pessoas estão provando que parar é possível. Quem não conhece alguém que conseguiu largar o cigarro e hoje respira aliviado?

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