A divulgação do número de acidentes com escorpiões na Bahia este ano tem deixado as pessoas em alerta. De acordo com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Bahia (CIATox/BA), o estado registrou 9.495 casos apenas nos quatro primeiros meses do ano. Além disso, no estado, os acidentes com escorpiões representam 71,5% das notificações envolvendo animais peçonhentos.
E o alerta é nacional. Um estudo divulgado pela revista Frontiers in Public Health aponta um aumento de 250% de picadas de escorpião no Brasil na última década. Para Sâmia Neves, professora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Salvador (UNIFACS), esse aumento está relacionado com fatores como o desmatamento e a expansão urbana desordenada, que resulta na perda do habitat natural dos escorpiões, o acúmulo de entulho, que oferece o esconderijo ideal para eles, e mudanças climáticas.
“Outros fatores importantes são a redução dos predadores de escorpiões por conta das ações antrópicas e o poder de adaptação de algumas espécies”, explica a especialista. Na Bahia, as duas espécies do aracnídeo mais comuns são o Tityus stigmurus (escorpião amarelo), cuja peçonha pode causar acidentes moderados a graves, principalmente em crianças e idosos, e o Tityus confluens, que possui uma peçonha mais leve, com sintomas menos graves.
Cuidados após picada
A letalidade da picada de um escorpião pode variar a depender da espécie do aracnídeo, da quantidade de veneno injetado, idade e condições de saúde da vítima e o tempo entre a picada e o atendimento médico. “Crianças e adolescentes são mais suscetíveis a quadros graves por conta da menor massa corporal e do sistema fisiológico não amadurecido”, afirma Sâmia Neves.
Em caso de acidentes com escorpião é essencial buscar atendimento médico o mais breve possível. Outras medidas importantes, incluem:
– Lavar o local da picada com água e sabão;
– Aplicar compressa fria para aliviar a dor;
– Manter o membro picado elevado, se possível;
– Não amarrar ou fazer torniquete;
– Não furar, cortar ou aplicar substâncias no local da picada;
– Tentar identificar o escorpião, ainda que por foto, pois isso ajuda na conduta médica.
Conforme a professora da UNIFACS, que integra o ecossistema Ânima, os sintomas mais frequentes causados por picadas de escorpião são: dor intensa, inchaço, vermelhidão e sensação de queimação. Em casos mais graves, podem ocorrer sintomas sistêmicos, como náuseas, vômitos, sudorese, agitação, alterações na pressão arterial, dificuldade para respirar e convulsões.
Casos moderados e graves de envenenamento podem necessitar do uso do soro antiescorpiônico. Já os casos mais leves, normalmente, são monitorados e o tratamento envolve o suporte e controle da dor. “A avaliação é indispensável para definir a necessidade e a dose correta do soro, pois deverão ser considerados os sintomas e condições clínicas da vítima, além da espécie do escorpião”, reforça Neves.
Prevenção
Para evitar acidentes com escorpião, algumas ações podem ajudar na prevenção, tais como:
– Manter jardins e quintais limpos, evitando o acúmulo de folhas secas, entulho e materiais de construção;
– Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e rodapés;
– Fazer uso de telas em ralos e aberturas;
– Conferir roupas, calçados e roupas de cama antes de usar;
– Manusear com cuidado materiais de construção e lenha;
– Controlar a população de insetos, como baratas, que servem de alimento para escorpiões.
Imagem de Foto-RaBe por Pixabay