O município de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, vive nesta terça-feira (13), mais uma edição do Bembé do Mercado, uma das mais antigas manifestações religiosas afro-brasileiras do país. Realizado anualmente desde 1889, ano seguinte à abolição da escravatura, o Bembé foi reconhecida em 2012 como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), reforçando o compromisso do órgão com a preservação das tradições de matriz africana no estado.
A patrimonialização promovida pelo Ipac foi um marco na valorização da cultura afro-baiana e resultou de um processo de escuta e articulação com comunidades de terreiro, pesquisadores e mestres de saberes. Desde então, o Instituto acompanha a celebração com ações de salvaguarda, documentação e apoio institucional.
Realizado no Largo do Bembé, o evento mobiliza mais de 60 terreiros de candomblé da região e inclui cortejos, rodas de conversa, apresentações culturais, oficinas e o tradicional xirê aos orixás, realizado ao ar livre, em espaço público, a principal característica que torna o Bembé único em todo o Brasil.
O reconhecimento do Bembé do Mercado como patrimônio imaterial da Bahia e, posteriormente, como Patrimônio Cultural do Brasil pelo IPHAN em 2019, destaca sua relevância histórica, religiosa e simbólica. O 13 de maio, dia da assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel, marca o ponto alto da celebração, com rituais e homenagens conduzidos pelas comunidades de terreiro.
A programação desta terça-feira segue durante a tarde e noite, com o tradicional xirê em homenagem aos orixás no Largo do Bembé, às 17h, e, logo após, a partir das 20h, shows com Ilê Aiyê, Lazzo Matumbi e artistas da cidade, reforçando o elo entre a fé, a arte e a resistência.
Foto: Fernando Barbosa/Divulgação
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