O sindicalista José Ferreira da Silva, o ‘Frei Chico’, de 83 anos, irmão mais velho do presidente Lula, voltou ao centro de um escândalo. Ele é alvo de críticas e investigações relacionadas a um suposto desvio de 6,3 bilhões de reais dos benefícios pagos pelo INSS a aposentados e pensionistas.
Em 2019, Frei Chico já havia sido denunciado pelo Ministério Público Federal no contexto da Operação Lava Jato, por supostos pagamentos da Odebrecht, hoje Novonor, entre 2003 e 2015. A denúncia foi posteriormente rejeitada pela Justiça Federal.
Atualmente, Frei Chico é diretor do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), uma das 11 entidades sob suspeita de envolvimento no esquema. O sindicato teria arrecadado mais de 300 milhões de reais de seus “associados” entre 2019 e 2024, sendo 90 milhões apenas em 2023. Há um ano, Frei Chico assumiu o cargo de vice-presidente da entidade.
A oposição quer convocá-lo para depor no Congresso
Na CPI dos Aposentados, que aguarda aval do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), Frei Chico é considerado peça-chave.
“São denúncias muito graves. Vamos apurar tudo a fundo, e o primeiro a ser chamado para prestar depoimento será o Frei Chico”, declarou à VEJA o deputado Luciano Zucco (PL-RS), líder da oposição. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder da legenda na Câmara, também defende a convocação como prioridade.
Com a menção a Frei Chico nas investigações, o governo mobilizou aliados para impedir a instalação da CPI. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), argumentou que a comissão poderia atrapalhar as investigações oficiais. “A investigação está sendo feita de forma clara, contundente, pela Polícia Federal e pela CGU, e vai pegar todo mundo”, disse.
As principais centrais sindicais brasileiras divulgaram nota em defesa de Frei Chico. “Jamais Frei Chico utilizou a estrutura sindical ou política em benefício próprio. Sempre viveu —e continua vivendo— de maneira modesta, fiel aos seus ideais. Ao desviar o foco das investigações para sua figura, a narrativa em torno das fraudes no INSS torna-se um discurso contra o governo e contra o sindicalismo”, diz o texto, assinado por líderes da CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST e CSB.
Foto: Reprodução/Instituto Lula