DIVERGÊNCIA COM O GOVERNO JERÔNIMO COMPLICA FUSÃO PSDB-PODEMOS NA BAHIA

A Bahia se tornou um dos principais focos de tensão na fusão entre PSDB e Podemos, prevista para ser oficializada até o fim deste mês. Embora a união das duas siglas seja defendida com entusiasmo pelos presidentes nacionais Marconi Perillo (PSDB) e Renata Abreu (Podemos), o alinhamento político divergente das legendas em território baiano ameaça a consolidação do novo partido no estado. Enquanto o Podemos é aliado do governador Jerônimo Rodrigues (PT), o PSDB atua como oposição ao governo estadual. Essa divergência de posicionamentos torna a Bahia um dos principais obstáculos à fusão, ao lado de Pernambuco, Goiás e Mato Grosso do Sul.

A ideia é que, inicialmente, o partido adotará o nome provisório de PSDB+Podemos. Haverá uma pesquisa interna e científica para definir o nome definitivo, o número da legenda e até mesmo o mascote (o PSDB adota atualmente um tucano como símbolo principal). Além de fortalecer as duas siglas, a união é considerada uma tentativa de estancar a saída de quadros importantes do PSDB. O governador gaúcho Eduardo Leite, por exemplo, já decidiu se filiar ao PSD.  Na Bahia, a aliança do Podemos com o governador petista contrasta fortemente com a postura oposicionista dos tucanos. A costura de um discurso unificado se mostra complicada, especialmente em um cenário onde a fidelidade política pesa mais do que acordos de cúpula.

Situação semelhante ocorre em outros estados. Em Pernambuco, o PSDB rompeu com a governadora Raquel Lyra, enquanto o Podemos segue ao lado dela. Em Goiás, onde Marconi Perillo pretende voltar a disputar o governo, o presidente local do Podemos, Glaustin da Fokus, apoia o governador Ronaldo Caiado, adversário direto do tucano. No Mato Grosso do Sul, a fusão é bem-vista pela senadora Soraya Thronicke (Podemos), mas encontra resistência entre tucanos locais, que temem a perda de espaço, especialmente após os sinais de saída do governador Eduardo Riedel do PSDB rumo ao PSD.

Mesmo com os entraves, os articuladores das duas siglas acreditam que a fusão será apenas o primeiro passo de uma reorganização maior do centro político. A ideia é, futuramente, formar uma federação com o Solidariedade. No entanto, a experiência recente do PSDB com o Cidadania — encerrada em março após atritos durante as eleições municipais de 2024 — deixa margem para desconfianças.(TB)

Fotos: Joá Souza GOVBA