Doença grave que provoca inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, a meningite já causou a internação de 49 pessoas na Bahia este ano, sendo que seis pacientes morreram, de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). A morte mais recente foi de um professor de 33 anos, na cidade de Feira de Santana, neste mês de abril, vítima do tipo mais grave da doença: a meningite bacteriana. O médico infectologista e consultor do Sabin Diagnóstico e Saúde, Claudilson Bastos, alerta que a meningite, que tem o dia mundial de combate lembrado no dia 24 de abril, é causada, principalmente, por vírus e bactérias, mas que pode ser prevenida por meio da vacinação, disponível no Sistema Único de Saúde e na rede privada. “A imunização contra a meningite é recomendada para crianças, adolescentes e adultos. O que vai diferenciar é o esquema vacinal, que é feito de acordo com a idade e o tipo de imunizante”, explica.
A vacina meningocócica C, por exemplo, é aplicada em três doses na infância (aos 3 meses, 5 meses e um reforço com 1 ano). Para crianças, a dose é oferecida entre os 11 e 12 anos. Já a vacina meningocócica B é recomendada para crianças e jovens saudáveis entre 10 e 25 anos, sendo duas doses com intervalo mínimo de seis meses. Há ainda a vacina meningocócica ACWY, que é aplicada no primeiro ano de vida, iniciando aos 3 meses do bebê. Já a segunda dose deve ser tomada aos 5 meses, com reforço a partir de 1 ano de idade
O especialista ainda destaca que as vacinas conjugadas pneumocócicas 10, 13 e 23 também são usadas para prevenir doenças causadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae, como a meningite. Elas estão disponíveis nas redes pública e privada. Os imunizantes 10 e 13, além da meningite, ajudam a prevenir contra otite e pneumonia. A 23, por sua vez, protege contra pneumonia, meningite, bacteremia e septicemia.
A rede particular ainda dispõe de mais duas vacinas exclusivas, a pneumo 15, que é um imunizante conjugado que oferece proteção contra 15 diferentes sorotipos da bactéria Streptococcus pneumoniae, e a nova pneumo 20, que amplia a cobertura de maior número de sorotipos, incluindo aqueles associados a casos graves e resistentes a antibióticos. Assim como as vacinas conjugadas anteriores, a pneumo 20 é indicada para crianças, idosos e portadores de condições de risco para doença pneumocócica grave. Os imunizantes contra a meningite estão disponíveis nas unidades do Sabin em Salvador, Lauro de Freitas e Barreiras.
Fique de olhos nos sintomas
O infectologista destaca que os pacientes e pessoas próximas devem ficar atentos aos sintomas da meningite para que o diagnóstico e o tratamento sejam iniciados o mais rápido possível, evitando, desta forma, complicações graves, que podem levar a um coma ou até mesmo a óbito. “Os sinais clássicos da meningite são febre, dor de cabeça, vômito, irritabilidade, sonolência, fotofobia, falta de apetite e, em alguns casos, rigidez no pescoço. Já a bacteriana, apresenta confusão mental, convulsões, tremores e uma dor de cabeça muito forte, que a pessoa nunca teve na vida”, informa Bastos, pontuando que, ao aparecer esses sintomas, o paciente deve ser levado imediatamente ao hospital.
“O diagnóstico definitivo da meningite pode ser feito com a coleta do líquor, também conhecido como líquido cefalorraquidiano (LCR). Ele é um fluido que protege o sistema nervoso central e é produzido no cérebro. Esse fluido circula no espaço que envolve o cérebro e a medula espinhal. Por isso, a punção deve ser feita por um médico especializado em uma unidade de saúde”, afirma.
Diferença entre as meningites
Bastos explica que a principal diferença entre a meningite asséptica – que é causada, principalmente, pelos enterovírus, herpesvírus, dentre outros – e a bacteriana é o tipo de microrganismo agente da doença. No caso da viral, ela é menos grave e tem um prognóstico mais favorável. Ela acomete, mais frequentemente, crianças, no primeiro ano de vida.
Já a forma mais grave, a bacteriana, pode ser fatal. Essa doença pode ser causada por diversas bactérias, como a Streptococcus pneumoniae (pneumococo), Neisseria meningitidis (meningococo), _Haemophilus influenzae_tipo b, Escherichia coli e Listeria monocytogenes.
Há ainda a meningite fúngica, que pode ser causada por diferentes tipos de fungos, sendo os mais comuns da espécie Cryptococcus. Apesar de menos comum e a única não contagiosa, ela pode ser fatal, principalmente para pessoas com o sistema imunológico mais debilitado.
“Além da gravidade da meningite bacteriana, que pode danificar seriamente o cérebro e causar infecção generalizada, a doença pode ser muito contagiosa, transmitida de pessoa para pessoa por meio de gotículas, quando alguém tosse, espirra ou fala”, esclarece Bastos, dizendo que o tratamento é realizado com antibióticos por via venosa e monitoramento hospitalar. “Pessoas que tiveram contatos com o paciente também precisam ser monitoradas e tratadas para prevenir o contágio”, conclui.
Foto: Acervo Sabin