Saturday, 19 de April de 2025
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FIM DO REGIME 6X1 PODE TRAZER PERDA DE 16% DO PIB, APONTA ESTUDO

Victoria Isabel - 18/04/2025 11:00

Um projeto de lei em análise no Congresso propõe a redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6×1. No entanto, segundo estudo da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), essa mudança pode trazer sérios impactos negativos para a economia, especialmente se não vier acompanhada de aumento na produtividade.

De acordo com o levantamento, a redução da carga horária para 40 horas semanais, sem ganho de produtividade, pode resultar em queda de até 16% no PIB, perda de até R$ 2,9 trilhões no faturamento dos setores produtivos e fechamento de até 18 milhões de postos de trabalho. A massa salarial poderia encolher em até R$ 480 bilhões. Mesmo em cenários mais otimistas, os impactos ainda são significativos.

Especialistas alertam que a redução da jornada, sem ajustes, tende a elevar o custo da hora trabalhada, afetando principalmente os pequenos negócios, que podem recorrer à informalidade ou até encerrar atividades. Em setores que exigem presença física, essa mudança pode tornar insustentável a manutenção do emprego formal.

Gilberto Braga, professor do Ibmec-RJ, defende que antes de reduzir o tempo de trabalho é necessário investir em produtividade, o que envolve educação, qualificação profissional, tecnologia e infraestrutura. Ele ressalta que a comparação com países desenvolvidos não pode ser feita de forma isolada, pois o Brasil ainda tem uma produtividade cerca de 23% inferior à dos Estados Unidos, por exemplo.

Lucas Niemeyer, do Instituto Inteli, aponta que a educação é o caminho para gerar mais valor e distribuir melhor o trabalho, enquanto o economista Daniel Duque, da FGV, alerta que uma redução abrupta pode causar mais prejuízos do que benefícios, mesmo que a medida melhore aspectos como saúde mental.

Há exemplos internacionais contrastantes. A Coreia do Sul e a Alemanha conseguiram reduzir a jornada com ganhos de produtividade, graças a investimentos robustos em educação e tecnologia. Já a França, mesmo sendo uma economia forte, enfrentou perdas de competitividade com uma redução mal planejada.

Para o sociólogo Clemente Ganz Lúcio, a redução pode ser viável no Brasil, desde que seja feita de forma gradual, como parte de uma política de desenvolvimento econômico mais ampla. Ele argumenta que o aumento da produtividade acumulado nos últimos anos pode sustentar essa mudança e que o tempo livre dos trabalhadores pode gerar novas formas de consumo e movimentar a economia.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

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