terça, 15 de abril de 2025
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REAL PERDEU 87% DO VALOR DESDE O LANÇAMENTO; R$ 100 EM 1994 COMPRAM R$ 12,71 HOJE

João Paulo - 14/04/2025 10:00 - Atualizado 14/04/2025

Quase 31 anos depois de ser lançado, o Real perdeu 87% do seu valor. Uma nota de R$ 5 em 1994, quando começou a circular, vale hoje 64 centavos, por exemplo. O motivo da desvalorização é uma inflação de 686,64% no período, o que reduziu o poder de compra. Esse fenômeno não é exclusivo da moeda brasileira e acontece sempre que há inflação. “A inflação significa que se você colocar um determinado valor em dinheiro no bolso e você conseguir com aquele valor comprar algumas coisas hoje, daqui a alguns meses, anos, em alguns casos, daqui a alguns dias, você não consegue comprar as mesmas coisas”, explicou o economista Robson Gonçalves, professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

“Desde a crise de 1929, isso acontece com todas as moedas. A questão é só a intensidade e a previsibilidade com que isso acontece”, afirmou Gonçalves. Nos Estados Unidos, por exemplo, US$ 1 em 1994 vale hoje US$ 0,47. Ou seja, a moeda perdeu pouco mais da metade do seu poder de compra. Essa mesma perda de valor aconteceu também para as três moedas lançadas posteriormente a 1994. A primeira, nota de R$ 2, lançada em dezembro de 2001, hoje tem um poder de compra de apenas R$ 0,50, após sofrer com uma inflação de 297,49%. A nota de 20 reais, lançada em junho de 2002, hoje equivaleria a R$ 5,18, com uma inflação de 286,12%. Já a nota de 200 reais, lançada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em setembro de 2020, hoje teria um poder de compra equivalente a R$ 149,67, após uma inflação acumulada de 33,63% agir sob ela.

De acordo com o Banco Central, nos doze meses anteriores ao lançamento o país acumulava uma inflação de 4.922% e a moeda chegava com a promessa de acabar com essa hiper variação de preços que afetava a população. Quase 31 anos depois, o Brasil acumula nos últimos 12 meses uma inflação de 5,06%. O mês de fevereiro registrou a maior variação de preços para o mês dos últimos 22 anos. Nesse período, o país registrou inflação anual acima de 10% apenas quatro vezes, sempre motivado por instabilidades político-econômicas. “A inflação, no longo prazo, ao longo de muitos e muitos anos, tem a ver com a criação excessiva de moeda. Mas isso não significa que você não tenha solavancos de curto prazo, então se você tiver, por exemplo, instabilidade política, incerteza sobre o que vai acontecer com a economia e tal, é natural que os empresários se defendam procurando majorar os seus preços para incorporar aí um prêmio de risco”, explicou Gonçalves.

Isso quer dizer que os preços dos produtos podem aumentar em momentos de incerteza porque os empresários podem aumentar as suas margens de lucro se preparando para cenários futuros. A primeira em 1995 (22,41%), ano seguinte ao lançamento da moeda, em que o medo dela não dar certo ainda era latente. Em 2002, atingiu seu segundo pico, de 12,53%. O ano foi marcado pelos apagões no setor elétrico, que é um dos que mais influencia a inflação, e pela eleição do primeiro presidente de esquerda desde a redemocratização no país. O terceiro pico ocorreu em 2015, quando bateu 10,67%, ano marcado pelo início do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. E a última vez, em 2021 (10,06%), quando a pandemia assolava o mundo. Apesar de a inflação anual estar controlada, com índices abaixo de 5% em 10 anos diferentes, o assunto ainda assusta a população, o mercado e a vida política e é um dos principais motivos de críticas ao terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Por outro lado, a inflação na última década ultrapassou o período anterior e o valor acumulado fez com que o valor real da moeda brasileira não seja mais igual ao valor de face – que está estampado nas cédulas.

Inflação acumulada por décadas, a partir do lançamento do Real:

  • 94 a 2004 – 151,88%
  • 2004 e 2014 – 70,03%
  • 2014 e 2025 – 82,00%

 

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

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