A política tarifária de Trump, que impôs a taxação de 10% aos produtos exportados pelo Brasil, pode afetar diretamente o bolso dos baianos nos próximos meses. Isso ocorre porque a Bahia, que movimenta mais U$ 3,7 bilhões – aproximadamente R$ 22,5 bilhões – em negócios bilaterais com o país norte-americano, deverá exportar menos diante da barreira comercial, bem como deverá sentir os impactos que o ‘tarifaço’ causou ao redor do mundo. Ambos os cenários favorecem o aumento de preços.
Segundo o economista Uitan Maciel, todos os brasileiros, inclusive os baianos, terão que lidar com a nova dinâmica da economia no mundo, que pode tornar mais cara uma série de produtos. Em destaque, estão os produtos industrializados cujo custo de insumos importados pode subir se houver retaliações ou realocação de cadeias produtivas.
Para ele, no entanto, as chances de essa retaliação acontecer são mínimas, uma vez que, após o anúncio de Trump, o governo brasileiro não deu sinais de que iria enfrentar o protecionismo norte-americano. “O Brasil costuma adotar postura conciliadora, evitando medidas que possam prejudicar a balança comercial. Mas, se houver pressão interna, seja da política ou de setores econômicos, a retaliação pontual é possível”, afirma em entrevista ao Jornal Correio.
Outra categoria que pode computar encarecimento são os alimentos exportáveis. No caso da Bahia, principalmente a manga e o cacau. “Se produtos como cacau e manga forem redirecionados ao mercado interno por falta de exportação, os preços podem até cair. Mas se houver valorização externa por escassez, o efeito pode ser inverso”, explica Uitan Maciel.
Além desses produtos, os combustíveis e derivados também podem registrar aumento de preço. “Isso pode acontecer devido à volatilidade do comércio global, que impacta commodities como o petróleo. Isso acaba elevando custos logísticos, pressionando preços de alimentos, serviços, dentre outros produtos”, acrescenta o economista.(Correio)
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