A busca pelo corpo ideal faz com que milhares de pessoas recorram a cirurgias plásticas em todo o mundo. Não por acaso, o Brasil é o segundo país que mais realiza procedimentos desse tipo. Mas é preciso ter atenção: submeter-se à sala de cirurgia nem sempre é a melhor saída. No caso da obesidade, por exemplo, o acompanhamento médico personalizado é o primeiro passo para uma vida mais saudável. Entre 2010 e 2024, mais de 45 mil pessoas morreram no Brasil vítimas de obesidade, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde. A comorbidade causa complicações graves para a vida dos pacientes, que, muitas vezes, buscam soluções rápidas para a doença. O processo de emagrecimento ideal precisa considerar as individualidades de cada pessoa, como detalha o médico com foco em qualidade de vida, emagrecimento e performance, Gabriel Mendes.
“Muitas pessoas buscam fórmulas mágicas, sentem que fazem de tudo para emagrecer e não têm resultados. Um exemplo é quando focam apenas em comer menos, quando o ideal é comer melhor”, explica Gabriel Mendes. As cirurgias plásticas surgem como uma alternativa para quem deseja mudar a aparência, destaca o médico, mas não são métodos de emagrecimento. O médico avalia que os procedimentos são aliados na busca por uma vida mais saudável, porém a mudança no estilo de vida é essencial. “Não existe cirurgia plástica para perder peso ou eliminar grandes depósitos de gordura, mas sim para corrigir o excesso de pele e gordura que pode ocorrer após uma perda de peso significativa, melhorando o contorno corporal e a autoestima”.
Por isso, o tratamento personalizado, que orienta os pacientes conforme suas próprias necessidades, é o mais indicado para quem busca emagrecimento eficiente e saudável. “No tratamento individualizado, o médico direciona qual é a atividade mais indicada para cada paciente, medicamentos e terapias, a depender dos seus objetivos e momento de vida”, destaca Gabriel Mendes. “Personalizar e individualizar o tratamento é como formular um medicamento para cada pessoa”, completa.
Cirurgias
Sem seguir fórmulas prontas, um bom tratamento contra a obesidade define quais métodos são mais indicados para os pacientes, se há necessidade de remédios, suplementação ou, em último caso, cirurgia. Dados mais recentes da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS, na sigla em inglês), colocam o Brasil como o segundo país que mais realiza esses procedimentos no mundo – atrás apenas dos Estados Unidos. Foram mais de 1,3 milhão de cirurgias no Brasil em 2021. Lipoaspiração e a abdominoplastia estão entre as mais procuradas.
Os números apontam para uma tendência cada vez maior de intervenções estéticas, mas qualquer cirurgia coloca o paciente em risco e possui pós-operatório complexo. Daí a importância da mudança de hábitos. “Tirar uma pessoa da obesidade é devolver a autoestima, mas não só isso. A doença está associada a diversas doenças graves, como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares. Ignorar esse quadro é ignorar riscos sérios para a saúde”, explica o médico Gabriel Mendes.
A orientação médica correta define se uma cirurgia terá ou não sucesso. Um estudo desenvolvido com mais de 121 pacientes na Universidade de São Paulo (USP), publicado em 2023, revelou que 90% deles voltaram a engordar depois de serem submetidos à bariátrica. A cirurgia não é considerada estética, mas altera drasticamente a vida dos pacientes com a redução da capacidade do estômago de receber alimentos.
“Hoje, contamos com grandes avanços nos medicamentos para o tratamento da obesidade. Com o acompanhamento médico adequado e um suporte multidisciplinar, é possível devolver qualidade de vida e saúde ao paciente, muitas vezes sem necessidade de cirurgia. O foco deve estar sempre em tratar a causa e promover um emagrecimento sustentável, baseado em hábitos saudáveis e acessíveis”, conclui Gabriel Mendes.
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