No Dia do Jornalista, celebrado em 7 de abril, a baiana Vitória Viana escolheu sair dos bastidores e ocupar o centro da imagem. A jornalista de 27 anos, mulher preta, gorda e periférica de Salvador, preparou um ensaio autoral que será distribuído ao público no dia 08 de abril como um manifesto visual sobre visibilidade, reconhecimento e os desafios de ser comunicadora em um país desigual.
“Me coloco inteira nos processos que escolho fazer parte. Só me envolvo em projetos em que acredito, com verdade e propósito. Mostrar minha imagem nesse dia é também uma forma de valorizar o trabalho de quem está por trás da notícia, da estratégia, da comunicação. Muitas vezes não se vê, mas se sente. E isso precisa ser reconhecido”, afirma.
Vitória é jornalista e assessora de imprensa, com atuação marcada pelo apoio a instituições e lideranças vinculadas a causas importantes. Especialista em Branding e Storytelling, trabalha na construção de narrativas e no posicionamento de marcas e pessoas na mídia com viés estratégico e informativo. Para ela, comunicar é também informar com responsabilidade e impacto.
Sua atuação começou ainda enquanto estudante, da Rede UNIFTC, onde se formou em 2022. Vitória já participou de coberturas intensas, como negociações salariais em bases da Petrobras, ações de fiscalização ambiental com a FPI-BA e festivais culturais com relevância nacional. Em 2024, integrou a equipe de assessoria dos festivais Boca de Brasa e A Cena Tá Preta — neste último, coordenando a coletiva de imprensa com Lázaro Ramos e o Bando de Teatro Olodum.
Também participou das eleições municipais prestando assessoria a um candidato a vereador e integrando a Missão de Observação Eleitoral (MOE) do TRE-BA, acompanhando os dois turnos em escolas e presídios. Já colaborou com o portal UOL na cobertura do Festival Negritudes Globo e tem clientes nas áreas da cultura, sindicalismo, direito e jornalismo ambiental.
Vitória também se destaca por sua atuação como estrategista na comunicação digital. “Hoje, a comunicação precisa de profissionais que saibam unir o tradicional ao novo. As redes sociais exigem pensamento rápido, mas com responsabilidade. E é por isso que precisamos de comunicadores que dominem esse equilíbrio — e enfrentem o etarismo de idade que ainda marca parte dos veículos tradicionais.”
Entre as imagens do ensaio, uma se destaca pelo simbolismo: de um lado, um microfone; do outro, uma boneca. A foto foi feita no bairro da Liberdade, onde Vitória nasceu. “Foi através do jornalismo que conheci pessoas incríveis, e uma delas me deu essa boneca como presente. Ela veio como um gesto de cura, para acolher a criança ferida que existe por trás de mim, jornalista. Antes de contar histórias, precisei me reconectar com a minha própria. Apesar de jovem, me sinto vencedora desde o início. Desde o dia em que nasci.”
Vitória já atuou na Agência LK — onde atendeu clientes como o Camarote Brahma em Salvador — e foi responsável pela comunicação da Associação dos Defensores Públicos da Bahia (ADEP-BA). Hoje, mantém parceria com a agência Comunicação Assertiva, com sede em Sergipe.
“Tenho profundo respeito por todos os veículos e profissionais que fazem a comunicação acontecer — dos grandes jornais às páginas independentes, do rádio comunitário às redes sociais. Todos exercem um papel fundamental na formação de consciência e no acesso à informação.”
E finaliza: “Nesta celebração, me mostro como sou: uma jornalista preta da periferia de Salvador que ocupa espaços e conta histórias com coragem. A todos os colegas jornalistas que seguem firmes, mesmo diante da precarização, meu respeito. Que sigamos sendo memória, denúncia, afeto e mudança.”
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