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ABRIL AZUL REFORÇA IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE E TERAPIAS BASEADAS EM EVIDÊNCIA NO TRATAMENTO DO AUTISMO

João Paulo - 07/04/2025 13:29

O mês de abril, dedicado à campanha Abril Azul, destaca a necessidade de conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e tem como objetivo principal ampliar o acesso à informação, combater o preconceito e incentivar práticas de inclusão em todos os espaços da sociedade. Em 2025, a campanha nacional traz o tema “Informação gera empatia, empatia gera respeito”, reforçando o conhecimento como ferramenta essencial para o respeito às pessoas autistas.

Em Salvador, as ações já começaram com a realização da Caminhada Mundo Azul, promovida pelo Centro Mundo dos Anjos. O evento, que reuniu famílias, pacientes e apoiadores no último domingo (6), trouxe atividades lúdicas, distribuição de material informativo e muita troca de experiências. A mobilização buscou chamar atenção para os desafios enfrentados por pessoas com TEA e celebrar as conquistas da comunidade.

Mas o Abril Azul vai além da simbologia: ele é um chamado à ação. E quando o assunto é autismo, o diagnóstico precoce e o acesso a terapias eficazes podem mudar vidas. A fonoaudióloga Laura Ferraro, mestre em Tecnologias em Saúde com tese em autismo e CEO do Centro Mundo dos Anjos, defende que o diagnóstico precoce é uma das maiores ferramentas para garantir desenvolvimento e qualidade de vida às crianças com TEA. “Se a gente tem um diagnóstico precoce, então se essa família vai até o neuropediatra ou psiquiatra infantil e se fecha esse diagnóstico, mais rápido elas têm acesso às terapias — tanto na rede particular quanto pública”, explica.

Isso porque nos primeiros anos de vida o cérebro tem maior capacidade de aprendizado e adaptação, fenômeno conhecido como neuroplasticidade. “Se esse diagnóstico ocorre antes dos três anos, que é o que a gente chama de intervenção precoce, os avanços e as respostas da terapia são melhores. Nessa fase, o cérebro da criança está em pleno desenvolvimento, e as conexões neurais acontecem com mais rapidez”, completa Laura.

Abordagem multidisciplinar e ciência como base

Após o diagnóstico, o caminho ideal passa por uma abordagem terapêutica multidisciplinar e baseada em evidência científica. Segundo a especialista, esse é o padrão seguido pelo Centro Mundo dos Anjos. “A terapia para crianças com autismo precisa ser feita por um time alinhado, com profissionais como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos, psicopedagogos e até nutricionistas, já que muitos pacientes apresentam também questões alimentares”.

Entre os métodos utilizados na clínica, destaque para:

ABA (Análise do Comportamento Aplicada) – terapia intensiva que tem ampla base científica e comprovada eficácia no desenvolvimento de habilidades;

Denver – modelo de intervenção precoce, também baseado em evidência, indicado principalmente para crianças até 4 anos, com certificação internacional para aplicação.

“A gente sempre vai querer o melhor para essas crianças. Por isso, buscamos terapias que tenham comprovação científica, com resultados já validados em outros países e também aqui no Brasil”, destaca Laura.

Tecnologia e inovação no apoio terapêutico

O Centro Mundo dos Anjos também investe em equipamentos modernos para complementar as terapias, principalmente no campo da estimulação auditiva, essencial para o desenvolvimento da linguagem. Entre os recursos utilizados estão:

Forbrain – aparelho com fone e microfone que melhora a percepção da própria fala;

MiniPAC (Mini Processador Auditivo Central) – estimula habilidades auditivas;

Retorno de fala (com e sem delay);

Cabine acústica com audiômetro de última geração.

“Muito do aprendizado dessas crianças vem por meio das questões auditivas. Esses aparelhos ajudam no desenvolvimento da fala, mas também impactam a leitura e escrita mais adiante”, explica.

Outro destaque é o método TheraSuit, voltado para crianças com alterações motoras. A técnica utiliza uma veste especial e uma estrutura metálica (gaiola), em que a criança é estimulada por fisioterapeutas ou terapeutas ocupacionais. Associado à fonoterapia, o método tem mostrado excelentes resultados no ganho de habilidades motoras e posturais.

Mais de 7 mil crianças com TEA em Salvador

Segundo estimativas, Salvador tem mais de 7 mil crianças com autismo, número que chega a 70 mil na Bahia e aproximadamente 2 milhões em todo o Brasil. Os dados reforçam a urgência de políticas públicas, inclusão escolar e acesso à saúde de qualidade — com diagnóstico precoce, terapias eficazes e informação acessível às famílias.

Neste Abril Azul, a mensagem é clara: quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de desenvolvimento. “E para garantir isso, o caminho passa pela ciência, pelo acolhimento e pela empatia”, concluiu Laura.

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