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MULTIARTISTA BAIANO LANÇA TERRITÓRIO AFROCÊNICO DE CELEBRAÇÃO NEGRA COM APOIO DO RUMOS ITAÚ CULTURAL

João Paulo - 05/04/2025 15:36 - Atualizado 05/04/2025

O que mudou para a população negra no Brasil durante a primeira Década Internacional dos Afrodescendentes instituída pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas? Há motivos para celebrar? É a partir dessas indagações que o ator e iluminador negro Nando Zâmbia cria ELEGBAPHO – TERRITÓRIO AFROCÊNICO DE CELEBRAÇÃO NEGRA, um espaço de reflexão e trocas artísticas que irá nutrir a dramaturgia do seu mais novo espetáculo. Apoiado pelo programa Rumos Itaú Cultural 2023-2024, o projeto será lançado no dia 09 de abril (quarta-feira), a partir das 18h, na Casa do Benin, e reunirá artistas negros para uma conversa, entre eles o ator Sulivã Bispo, a coreógrafa Tania Bispo, e o diretor musical Jarbas Bittencourt acompanhado pelos musicistas Talita Felícia e Jarder Ryan. O ritual de abertura será realizado pelo Ogan e pesquisador do culto a Exu, Domingos Okanlewá.

“Sabemos que ainda estamos muito longe de uma situação de equidade, e falar do lugar da resistência continua sendo necessário, por outro lado, não podemos esquecer que os nossos ancestrais nunca deixaram de celebrar”, afirma o ator Nando Zâmbia. Para ele, não se trata apenas de elencar possíveis conquistas da população negra que merecem ser celebradas, mas também refletir sobre o que se perde quando se deixa de celebrar. Além do evento de lançamento, o projeto realizará outros encontros em Salvador no mês de maio para reunir artistas, pensadores e expoentes negros e negras em torno da importância da celebração.

Candomblecista, iniciado para Exu, formado pela Universidade Federal da Bahia e integrante do Núcleo Afro-brasileiro de Teatro de Alagoinhas – NATA em seus 20 anos de existência, Nando se ancora artisticamente no Teatro Preto de Candomblé, pesquisa desenvolvida ao lado da dramaturga e doutora em Teatro, Onisajé, que também participa de ELEGBAPHO como consultora de dramaturgia. Nando explica que no Axé todo pedido alcançado deve ser celebrado, pois a celebração é a paga de Exu, o orixá responsável pela comunicação entre o Ayê (plano terreno) e o Orum (plano espiritual), entre os humanos e as divindades. Por isso, esse território festivo homenageia Exu e sua pluralidade: ELEGBAPHO é a junção de Elegbara, orixá de cabeça do artista Nando Zâmbia, com a palavra Bapho, que remete tanto ao calor do fogo – elemento do orixá Exu que simboliza vida e movimento -, quanto aos usos do termo pela “Pajubá”, linguagem criada pela comunidade LGBTQAPN+, para a qual “bapho” é um adjetivo usado para se referir a algo muito bom.

Nando Zâmbia é ator, iluminador e produtor cultural; foi indicado como ator revelação ao Prêmio Braskem, em 2010, por sua atuação no espetáculo “Dois Perdidos Numa Noite Suja”; com seu primeiro solo “Irumalé Ayê – Divindades na Terra” circulou países como Portugal, Itália, Alemanha e Grécia”; esteve em cena em espetáculos como “Sirê Obá – A Festa do Rei” e “Oxum”, ambos do repertório do NATA; no audiovisual, assina a direção de “Gbagbe – Árvore do Esquecimento”, “Yawô – Filhos do Encanto”(Panorama Raft 2021) e da websérie “Comida de Terreiro – Alimento por Inteiro”; como iluminador, assina o desenho de luz de espetáculos como “Pele Negra, Máscaras Brancas”, “Medeia Negra”, “Exu – A Boca do Universo”, dentre outros, no Brasil e em Portugal; como produtor, sua maior realização é o Festival de Artes de Alagoinhas – FESTA, que está em sua sexta edição; na educação, foi coordenador do projeto Escolas Culturais do Governo da Bahia e, em Minas Gerais, curador-provocador do BDMG Cultural, edição 2023.

 

Adeloyá Ojúbará

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