O Governo do Estado investe mais de R$ 150 milhões em projetos e editais voltados à produção audiovisual. Conduzida pela Secretaria Estadual de Cultura (SecultBA), a política de apoio ao setor contempla iniciativas selecionadas por meio da Lei Paulo Gustavo, investimentos em manutenção de salas de cinema e promoção de circuitos de exibição de cinema.
Um exemplo deste investimento é a realização da 20ª edição do Panorama Internacional Coisa de Cinema, o mais antigo festival de cinema em atividade na Bahia, que teve início nesta quarta-feira (02) e segue até 9 de abril. O evento leva às salas de cinema de Salvador e Cachoeira uma programação com mais de 100 filmes, divididos em mostras competitivas e não competitivas, sessões especiais, oficinas, laboratórios e debates com cineastas.
A abertura do festival contou com a participação do secretário de Cultura do Estado da Bahia, Bruno Monteiro, em uma mesa que discutiu os desafios para aumentar a adesão do público aos filmes nacionais. O debate foi mediado pelo diretor do Cine Glauber Rocha, Cláudio Marques, e teve a participação da secretária do audiovisual do Ministério da Cultura (Minc), Joelma Gonzaga, e do presidente da Fundação Gregório de Matos (FGM), Fernando Guerreiro.
Outra iniciativa importante do Governo é a Bahia Filmes, primeira empresa pública estadual de audiovisual do Brasil, criada este ano com o objetivo de fortalecer e impulsionar o setor audiovisual na no estado. A iniciativa representa um marco para o audiovisual baiano, com o potencial de gerar desenvolvimento econômico e cultural, além de projetar a Bahia como um importante polo audiovisual no cenário nacional e internacional.
Recursos
O Governo do Estado da Bahia tem sido parceiro do Panorama Internacional Coisa de Cinema, apoiando 11 das 20 edições por meio do Fundo de Cultura da Bahia e do Edital de Apoio a Eventos Culturais Calendarizados da SecultBA. O financiamento, de caráter plurianual, garante a estabilidade de eventos consolidados como o festival. No total, já foram investidos R$ 1,6 milhões na realização do evento.
Por meio da Lei Paulo Gustavo (LPG), da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura e de demais iniciativas, estão em vigência editais que contemplam três áreas do segmento audiovisual: Exibição Cinematográfica; Salas de Cinema e Espaços Vocacionados; e Cineclubes, mostras, festivais e eventos.
No edital PG04, por exemplo, que é voltado para Exibição Cinematográfica, 20 projetos foram selecionados nas categorias circuito itinerante, salas de cinema e/ou equipamentos vocacionados, espaços de exibição e salas de cinema. Foram investidos R$ 6,2 milhões, com destaque para os projetos de manutenção das salas de cinema do Cine Glauber Rocha e do Circuito Sala de Arte, em Salvador, além da modernização do Cine Teatro Orion, em Itamaraju.
Em outro edital, o PG05, foram contemplados quatro projetos nas linhas Salas de Cinema e Equipamentos Vocacionados, totalizando um aporte de R$ 8 milhões. A partir dele, salas como Walter da Silveira e Alexandre Robatto, geridas pela Diretoria de Audiovisual da Fundação Cultural do Estado (Funceb), receberam requalificação técnica com a compra de equipamentos novos, desde projetores de imagem a equipamentos de som e itens de acessibilidade. O mesmo chamamento contemplou a instalação de equipamentos de exibição em 13 espaços culturais geridos pela SecultBA e localizados em bairros periféricos de Salvador e no interior do estado.
O edital PG08, por sua vez, contempla subsídios para a realização de 72 eventos com o audiovisual como temática, a exemplo de mostras, festivais e cineclubes. Neste edital, foram investidos R$ 3,7 milhões em recursos que vão financiar projetos e iniciativas que promovem, dentre outros eventos relacionados ao tema, mostras e festivais de cinema em escolas públicas do estado.
Revitalização de espeços
Os dois últimos anos marcaram a retomada do funcionamento da Sala Walter da Silveira, único espaço público de difusão inteiramente dedicado ao audiovisual em atividade no Estado da Bahia. Em 2023, a sala foi reaberta completamente requalificada e, no ano seguinte, recebeu requalificação técnica, manutenção e cessão de pautas para contemplados pelos editais da Lei Paulo Gustavo. O investimento chega a R$1,6 milhão.
Para 2025, estão programados quatro eventos na Sala Walter da Silveira: a Sessão do Panorama Internacional Coisa de Cinema, a Mostra Itinerante Mahomed Bamba, a Mostra Lugar de Mulher no Cinema e a Mostra em Parceria com a Cinemateca Brasileira.
Outro espaço que foi completamente revitalizado e incluído no circuito de salas de cinema foi o Cine Teatro 2 de Julho. Fundado em 1969, o local passou por uma completa requalificação e retomou o funcionamento em 2024. Após as obras, foi entregue à população uma nova estrutura modernizada e ampliada, equipada com tecnologia avançada. Foram aportados R$ 8,9 milhões para atualização de equipamentos e melhoria da infraestrutura física do teatro.
Atualmente, o Cine Teatro conta com um projeto de isolamento acústico, sistema de ar condicionado, equipamentos de iluminação cênica, um projetor de cinema de alta definição e a maior tela de projeção retrátil da Bahia. A capacidade do local foi expandida para 171 lugares, incluindo espaços adaptados para pessoas com deficiência.
A modernização também incluiu a construção de um café restaurante, áreas de convivência, banheiros adaptados e a instalação de um novo sistema de combate a incêndios. Na revitalização, foi realizada a substituição da antiga estrutura de muro de concreto por vidros, para facilitar a integração do espaço com a comunidade.
Ainda como parte da política pública do audiovisual do Estado, foi criado o circuito Luiz Orlando de Exibição Audiovisual, que promove sessões em escolas públicas estaduais e outros pontos de exibição na capital e no interior do estado. Além de ampliar o acesso ao audiovisual, a iniciativa visa estimular a reflexão sobre temas contemporâneos por meio da linguagem cinematográfica. O circuito já atingiu 125 pontos de exibição em 102 municípios.
De acordo com o secretário Bruno Monteiro, um dos grandes desafios para o audiovisual atualmente é atrair o público para as salas de cinema. “Este não é um problema exclusivo de um estado ou cidade, mas que reflete uma questão estrutural e cultural que precisamos, juntos, enfrentar”. Por isso, segundo o secretário, o Governo do Estado, por meio da SecultBA, segue com o compromisso de manter este conjunto de políticas públicas, sobretudo aquelas ligadas às Leis de Incentivo
Foto: Caio Diniz