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SALVADOR VAI SER SEDE DO OBSERVATÓRIO DE TERRITÓRIOS SUSTENTÁVEIS E SAUDÁVEIS DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS

João Paulo - 27/03/2025 14:40

O Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Baía de Todos os Santos (OTSS-BTS) começa a ser estruturado na capital baiana. O passo inicial para implementação do projeto foi dado na noite da última segunda-feira (24), no Programa de Pós-graduação em Saúde,  Ambiente e Trabalho da Faculdade de Medicina da UFBA, com um encontro entre movimentos sociais organizados da sociedade civil e comunidades tradicionais, pesquisadores(as), professores(es), representantes de instituições de ciência e tecnologia e de órgãos públicos que vivem na Baía de Todos os Santos.

A iniciativa de implementação do OTTS-BTS em Salvador é uma articulação entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Mandato Popular das Águas da vereadora Eliete Paraguassu (PSOL), o Conselho Pastoral dos Pescadores e Pescadoras (CPP), o Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho (PPGSAT/UFBA) e comunidades tradicionais, dentre elas as comunidades quilombolas de Ilha de Maré. O observatório tem o objetivo de ser um espaço tecnopolítico de geração e troca de conhecimentos, com a atuação das comunidades tradicionais, pesquisadores (as) populares e da academia para o desenvolvimento de estratégias que promovam sustentabilidade, saúde e direitos para o bem viver dessas comunidades em seus territórios.

“Esse observatório é um sonho antigo das comunidades tradicionais da Baía de Todos os Santos para que tenhamos mais uma ferramenta na garantia de que os territórios sejam livres, saudáveis e sustentáveis”, destaca Eliete Paraguassu, primeira quilombola vereadora de Salvador. A iniciativa de um espaço para a promoção da saúde e do desenvolvimento sustentável dos territórios de comunidades tradicionais surgiu na região sudeste do país, com o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS).

“A experiência da Fiocruz com o Fórum de Comunidades Tradicionais do Rio de Janeiro e São Paulo, que reúne caiçaras, indígenas e quilombolas, tem tido um relativo sucesso na defesa dos modos de vida dos povos e comunidades tradicionais. É uma aliança importante do conhecimento científico com o conhecimento tradicional, para que esses dois saberes juntos e potentes possam propor soluções de conservação da biodiversidade, de garantia dos modos de vida tradicionais e dos direitos das pessoas contra os grandes empreendimentos que ameaçam todas essas dimensões”, ressalta Edmundo Gallo, pesquisador da Fiocruz e coordenador geral da OTTS de Bocaina, que participou do encontro em Salvador.

As atividades envolvendo o encontro contou também com a realização de um “Toxitour” pela Baía de Todos os Santos, com a presença de pesquisadores(as), professores(as) e representantes de organizações governamentais e não governamentais. Através da ferramenta de denúncia das comunidades, o grupo conheceu os locais onde ocorre uma grande degradação ambiental em consequência da instalação e atuação de grandes empresas que cercam a Baía, e que ocasionam a contaminação dos territórios por metais pesados e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), decorrentes da extração do petróleo.

“Esperamos que o observatório seja uma grande ferramenta para o enfrentamento do processo sistêmico de contaminação na Baía de Todos os Santos e contribua com as pesquisas que a academia vem produzindo ao longo dos anos, além de fortalecer a luta histórica das comunidades contra os impactos do racismo ambiental”, disse Marcos Brandão, educador popular integrante do Conselho Pastoral das Pescadoras e Pescadores (CPP).  O encontro para estruturação do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Baía de Todos os Santos (OTSS-BTS) terminou com o desafio para um grupo de trabalho formatar a operacionalidade do projeto e a expectativa é de que o OTSS seja implementado até o final de 2025.

Jornada Maré de Março – O encontro integra a Jornada Maré de Março, ação do mandato da vereadora quilombola, pescadora e marisqueira Eliete Paraguassu (PSOL), que promove uma série de atividades com foco na valorização das comunidades que vivem da pesca, da mariscagem e da preservação dos ecossistemas aquáticos em Salvador. “A jornada é um tributo à relação ancestral dessas populações com o mar e seus saberes tradicionais, destacando a importância das águas para a sobrevivência e a identidade cultural das comunidades”,  completa a vereadora.

Crédito das fotos: Josefh Macedo

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