Da faxina ao preparo de refeições, as mulheres ainda são as que mais operam as atividades de casa em comparação aos homens. Um levantamento do Instituto Locomotiva, com base em dados do IBGE, mostra que, caso fossem remuneradas pelo trabalho doméstico, as mulheres brasileiras ganhariam, em média, R$ 834 a mais por mês. Esse valor resultaria em uma massa de rendimento anual estimada em R$ 905 bilhões, evidenciando o impacto econômico invisível do trabalho não remunerado realizado por elas.
A estimativa considera a quantidade média de horas dedicadas aos afazeres domésticos pelas mulheres brasileiras com 14 anos ou mais e o valor do rendimento médio obtido pelo trabalho doméstico remunerado no Brasil, conforme microdados da PNADC/IBGE.
“Reconhecer que as mulheres estão sobrecarregadas é um passo, mas não resolve o problema. A realidade é que elas seguem acumulando jornadas duplas e triplas, equilibrando trabalho, casa e família, enquanto a responsabilidade pela organização e planejamento da rotina doméstica continua invisível”, declara Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
Pesquisa do Instituto Locomotiva e QuestionPro revela ainda que 91% dos brasileiros acreditam que as mulheres estão exaustas em acumular trabalho externo e atividades domésticas. A pesquisa, que ouviu 1.283 pessoas em todo o país, aponta que nove em cada dez pessoas acreditam que as mulheres se preocupam mais com a casa e a família do que os homens.
O trabalho doméstico e os cuidados com a casa e a família são componentes fundamentais na rotina dos lares brasileiros, porém a distribuição segue um padrão estruturalmente desigual. A carga dessas atividades recai predominantemente sobre as mulheres, que muitas vezes acumulam funções. Entre as atividades domésticas, os homens se destacam mais naquelas consideradas pontuais, como lavar a louça e trocar toalhas e roupas de cama. No entanto, mesmo nessas tarefas, a responsabilidade principal segue sendo declarada pelas mulheres, o que evidencia um cenário de sobrecarga e divisão desigual.
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