Após estrear em Brasília, o Coletivo Poéticas da Meia Noite chega a Salvador para apresentar “Solos Flutuantes”, que reúne quatro montagens inspiradasno livro “A Poética do Espaço”, do poeta francês Gastor Bachelard. Partindo da imagem de uma casa em destroços, os solos refletem sobre lembranças, medos e sonhos esquecidos em cada lugar já habitado. As dores da infância de uma criança negra, a solidão de um jovem descobrindo a sua sexualidade e as incertezas de uma garota desvendando os desafios de ser mulher fazem parte das histórias que compõem “Solos Flutuantes”. Quem abre a mostra é o ator e diretor Thiago Carvalho com o seu solo “A Imensidão Íntima”. As apresentações acontecem nos dias 15, 16, 22, 23, 29 e 30 de março (sábados e domingos), às 17h, com ingressosa R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), disponíveis no Sympla.
Com direção de Thiago Carvalho, “Solos Flutuantes” são biograficções, pois rasuram os limites entre autobiografia e ficção, mesclando memórias reais e criação. No solo“Habitei Cantos Que Deveriam No Máximo Ser Frequentados”, a atriz Gabriela Vasconcelos é uma escritora que resgata lembranças de perdas familiares; em “A Cidade dos Pequenos Causos”, o ator Davi Dias conhece um guia que apresenta as melhores e piores histórias de moradores de uma pacata cidade; em “O Balé Aquático do Devaneio”, a atriz Anna Ju Carvalho é uma mulher sem memória, pois teve a sua infância roubada; e no solo “As Frestas Empoeiradas da Memória”, a atriz Fernanda Duarte encarna uma radialista em busca de memórias guardadas.O trabalho “Solos Flutuantes” se apresenta em Salvador através do programa de intercâmbio cultural da Funarte – Fundação Nacional de Artes e Ministério da Cultura.
Cartografia e performance – Os solos são criados através de uma escrita cartográfica de sentimentos que mescla memórias, descobertas, reflexões e ficção.“Cada solo traz uma questão que pulsa dentro de nós. No meu, por exemplo, foi a infância, essa saudade de um tempo que, na verdade, nunca foi tão doce assim”, diz a atriz Anna Ju Carvalho, lembrando os desafios da infância para uma garota negra em Brasília. Para ela, esse processo de revisitação é doloroso, mas necessário. “Outras questões que emergem nos solos também falam de resistência, de corpo, de pertencimento, e todas se conectam nessa tentativa de ressignificar o que fomos ensinadas a esquecer”, complementa Anna Ju.
Os solos também se relacionam com o conceito de teatro performativo, que se utiliza do corpo e daspróprias experiências do atuante, que é visto como ator-personagem. No solo“A Cidade dos Pequenos Causos”,por exemplo, o atorDavi Dias apresenta personagens que representam facetas de sua própria personalidade. “O que vejo quando olho no espelho é uma bicha que já viveu muitas coisas, e os personagens são alter egos dessa bicha que está buscando se entender”, explica Davi.
Além de dirigir os quatro espetáculos que compõem “Solos Flutuantes”, o ator e diretor conquistense Thiago Carvalho abrirá a mostra com o seu solo “A Imensidão Íntima”. Assim como os demais, trata-se de uma biograficção na qual ele mergulha em suas próprias memórias para falar de despedidas, desencontros e desamores nas relações homoafetivas. Ele também lança o livro “Poéticas da Meia Noite – E as suas dramaturgias de uma trajetória em processo”, no qual apresenta a cartografia como método no processo criativo e a sua relação com a performance e o teatro.
SERVIÇO
Dias 15 e 16 de março (sábado e domingo) – 17h
Dia 22 de março (sábado) – 17h
Dia 23 de março (domingo) – 17h
Dia 29 de março (sábado) – 17h
Dia 30 de março (domingo) – 17h
Local: Teatro Gamboa
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)
Sympla: https://www.sympla.com.br/evento/solos-flutuantes-entre-a-performance-a-cartografia-e-o-teatro/2836436
Mais informações: https://www.instagram.com/poeticasdameianoite/