A endometriose, uma doença inflamatória crônica e benigna, afeta cerca de 10% das mulheres brasileiras, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e aproximadamente 6–13% (114–247 milhões) das mulheres em todo o mundo são afetadas, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar de sua alta incidência, o diagnóstico ainda é tardio na maioria dos casos, impactando diretamente a qualidade de vida das pacientes. Para ampliar a conscientização e incentivar o diagnóstico precoce, a campanha Março Amarelo reforça a importância de atenção aos sintomas e da busca por acompanhamento médico especializado.
De acordo com o ginecologista, especialista em cirurgia minimamente invasiva e endometriose, Alexandre Amaral, a endometriose ocorre quando o tecido semelhante ao endométrio, parte mais interna do útero, cresce fora da cavidade uterina, atingindo órgãos como ovários, trompas, bexiga e intestino. “Essa condição provoca inflamação e pode resultar em sintomas severos, como cólicas menstruais incapacitantes, dor durante as relações sexuais, alterações intestinais e urinárias e dificuldades para engravidar”, explica.
A demora no diagnóstico da endometriose é um dos principais desafios no combate à doença. Segundo Alexandre, que participou do projeto Endometriose Brasil do Ministério da Saúde, muitas mulheres passam anos sem o tratamento adequado porque os sintomas podem ser confundidos com outras condições ginecológicas comuns. “O reconhecimento precoce dos sinais é fundamental. Quanto antes a doença for diagnosticada, mais eficaz será o tratamento e menor será o impacto na qualidade de vida da mulher”, alerta o especialista.
O diagnóstico se inicia com uma boa anamnese numa consulta com ginecologista especialista em endometriose e é complementado por meio de exames de imagem, como ultrassonografia com preparo intestinal e/ou ressonância magnética de pelve ou abdômen total para mapeamento de endometriose. “O tratamento varia de acordo com a gravidade do caso, podendo incluir o uso de medicamentos hormonais e anti-inflamatórios para aliviar a dor. Em alguns casos, a intervenção cirúrgica minimamente invasiva é recomendada para remover os focos de endometriose e melhorar a qualidade de vida da paciente de forma duradoura”, acrescenta.
Além do tratamento médico, a abordagem multidisciplinar tem um papel essencial no controle da doença. Mudanças no estilo de vida, como a prática regular de atividades físicas, alimentação equilibrada e apoio psicológico, contribuem para reduzir a inflamação e aliviar os sintomas. “O cuidado com a alimentação é fundamental, pois alimentos industrializados e ultraprocessados podem intensificar os processos inflamatórios. O acompanhamento com um profissional de nutrição auxilia na adoção de uma dieta anti-inflamatória que favoreça o controle da endometriose”, orienta o ginecologista.
A campanha Março Amarelo reforça que sentir dor intensa durante a menstruação não é normal e que o acesso à informação pode transformar a vida de milhares de mulheres. “É essencial quebrar o silêncio, incentivar a busca por atendimento médico e garantir que nenhuma mulher sofra sem um diagnóstico e tratamento adequados. Quanto mais falamos sobre a endometriose, mais mulheres terão acesso ao cuidado que merecem”, conclui o especialista.
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