O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) surge como um possível nome para assumir um ministério no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo aliados, uma das pastas cogitadas para o parlamentar é a Secretaria-Geral da Presidência, responsável pelo diálogo do governo com movimentos sociais.
De acordo com o Metrópoles, Lula manifestou interesse em ter Boulos no governo durante uma conversa com o deputado há cerca de dez dias. No entanto, a possibilidade enfrenta resistência em setores do próprio PSOL e também no PT.
No PSOL, Boulos pertence à corrente majoritária que defende uma aproximação com o PT. Entretanto, a ala minoritária do partido entende que, apesar do apoio à candidatura de Lula contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a legenda não deve se vincular totalmente a um governo que conta com o Centrão em diversas pastas.
Já no PT, a inclusão de Boulos no governo tem gerado reações contrárias, uma vez que a sigla perderia um espaço ministerial para um representante de um partido pequeno e com divisões internas.
Há quem argumente que o PSOL, que atualmente já ocupa o Ministério dos Povos Indígenas com Sônia Guajajara, possui uma representatividade desproporcional ao seu tamanho na Câmara. Além disso, setores do PT apontam que parte do PSOL mantém uma postura crítica ao governo.
Outro fator que pesa contra Boulos é a possibilidade de ele concorrer a um cargo em 2026, o que exigiria sua saída do ministério para disputar as eleições. O psolista é cotado como o principal nome da esquerda para a disputa ao governo de São Paulo. Como comparação, Alexandre Padilha abriu mão de uma candidatura para assumir o Ministério das Relações Institucionais.
Há também a avaliação de que a nomeação de Boulos poderia sinalizar um viés mais radical, especialmente em um cenário em que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, está prevista para assumir a Secretaria de Relações Institucionais. A petista faz parte de uma ala mais à esquerda do partido.
Outro dilema antigo que ressurge com essa discussão é a possibilidade de Boulos migrar para o PT. A mudança poderia ajudar a suavizar sua imagem de radical, mas, ao mesmo tempo, reduziria o protagonismo que ele exerce atualmente no PSOL.
Foto: Leandro Paiva
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