As ações da Petrobras chegaram a superar os 9% de queda nas negociações da Bolsa nesta quinta-feira. Na comparação com quarta-feira, a companhia já perdeu quase R$ 40 bilhões em valor de mercado, saindo de R$ 516 bilhões para R$ 479 bilhões.
Após o início da tarde, por volta de 13h, o papel ordinário da Petrobras (PETR3, com voto) chegou a cair 9,11%, aos R$ 37,72. Já os preferenciais (PETR4, sem voto) chegaram a valer R$ 35,48, em queda de mais de 6%. As duas ações da empresa eram as mais negociadas no Ibovespa, principal índice da B3.
Em relatório, o banco americano Citi afirmou que a reação negativa veio da ausência de anúncio de dividendos ordinários no trimestre. O Itaú disse que viu o balanço como negativo diante do impacto na distribuição de dividendos por conta de um capex (investimentos) em US$ 2,1 bilhões acima do limite da projeção de US$ 14,5 bi.
O Goldman Sachs também atenta que as expectativas de despesas com investimentos em 2025 não foram reduzidas, ao passo que a meta de produção não foi elevada. Na visão do banco, isso “pode representar algum conservadorismo por parte da administração, mas também pode significar que o dividendo menor do que o esperado no quarto trimestre de 2024 não será necessariamente compensado por dividendos maiores nos próximos anos”.
Já os analistas do BTG Pactual disseram que “um sinal de alerta foi aceso” pela possibilidade de uma guinada na alocação de capital da empresa diante do histórico de interferência política, mas o próprio banco afirma que há pouca probabilidade disso acontecer, que vê o “momento de pânico” como uma boa oportunidade de entrada no papel. A XP afirmou que, apesar das frustrações com as despesas e o fluxo de caixa livre, não acredita que “a realidade seja necessariamente tão ruim quanto a reação inicial que o mercado sugere, mas acreditamos que levará alguns trimestres melhores de geração sólida de fluxo de caixa para remediar a decepção
O movimento vai em linha com o que acontecia com o espelho das ações da petrolífera nas bolsas no exterior. Mais cedo, as ADRS (recibos de ações) da Petrobras caíam mais de 7% no pré-mercado de Nova York na manhã desta quinta-feira, após divulgação de resultado da companhia na véspera. Na Alemanha, os papéis recuavam 5%. O lucro líquido da estatal desabou 70,6% no ano passado, para R$ 36,6 bilhões. O número veio bem abaixo do que esperava o mercado, que projetava ganho de R$ 70 bilhões.
A empresa sofreu outro baque no início desta tarde, com a notícia de que técnicos do Ibama recomendaram negar o plano apresentado pela Petrobras para realizar pesquisas sobre eventual exploração de petróleo da Margem Equatorial, na região do Amapá. Apesar do possível revés nos planos da companhia em explorar o local, analistas observam que a notícia não teve impacto nas cotações da petrolífera nesta quinta-feira.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil