Passado o melhor período de vendas e frente às incertezas no cenário econômico para este ano, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) da capital paulista, indicador produzido mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), caiu pelo segundo mês consecutivo, atingindo 108 pontos em janeiro [gráfico 1], que foi de 2,8% em relação a dezembro. No comparativo anual, o indicador apresentou estabilidade. A escala de pontuação do ICEC varia de 0 (pessimismo total) a 200 pontos (otimismo total).
De acordo com a Federação, o cenário de vendas deve ser favorável neste primeiro trimestre, principalmente pelo mercado de trabalho aquecido. No entanto, empresas estão sofrendo sérios impactos com a instabilidade cambial, a elevação da taxa Selic e as dúvidas sobre a política fiscal, criando um cenário de imprevisibilidade. Nesse contexto, é recomendável que o empresário seja cauteloso na formação dos estoques e na realização de novos investimentos, seja nas contratações, seja na ampliação das lojas.
Nos quesitos que compõem o ICEC, o Índice das Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC) — que mede a percepção dos empresários em relação ao momento atual —, registrou alta de 1% em comparação ao mês anterior, passando de 82,6 pontos, em dezembro, para 83,5 pontos, em janeiro. Ainda assim, permanece abaixo dos 100 pontos, indicando pessimismo do empresariado, que não está satisfeito com aspectos como rentabilidade, pressão de custos, câmbio, juros elevados, entre outros. Em referência a janeiro de 2024, o ICAEC exibiu queda de 3%.
Já o Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC) caiu 4,6%, ao passar de 142,1 pontos, em dezembro, para 135,6 pontos em janeiro — a menor pontuação desde julho de 2023. Em comparação ao mesmo período do ano passado, a queda é de 0,4%. O Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC), por sua vez, também registrou queda (-2,8%), passando de 107,9 pontos, em dezembro, para 104,8 pontos, em janeiro. No comparativo anual, o IIEC é o único componente a apresentar crescimento (2,9%).
Propensão a investir também recua após vendas de fim de ano
O Índice de Expansão do Comércio (IEC), também elaborado mensalmente pela FecomercioSP, caiu pelo segundo mês consecutivo, ao passar de 114,2 pontos, em dezembro, para 109,5 pontos, em janeiro, com queda de 4,1%. No comparativo anual, o indicador subiu 4%.
O principal motivo para esse resultado é o menor apetite para contratações, situação natural no período após o Natal. O Índice de Expectativa para Contratação de Funcionários (ECF), um dos componentes do IEC, recuou 6,5%: de 129,1 pontos, em dezembro, para 120,8 pontos, no primeiro mês de 2025. O Índice de Nível de Investimento das Empresas (NIE), que mede a propensão das empresas a investir em capital físico (máquinas, equipamentos, reformas etc.), também recuou pelo segundo mês seguido, marcando 98,3 pontos, pouco abaixo dos 100 pontos. Isso reflete um equilíbrio entre as visões otimista e pessimista dos empresários que fazem esse tipo de investimento. Em comparação a janeiro do ano passado, o NIE exibe alta de 2,6%, enquanto o ECF aponta avanço de 5,2%.
Após a alta nos índices em decorrência do período de vendas de fim do ano, com a Black Friday e o Natal — além da injeção do décimo terceiro salário na economia —, as quedas do ICEC e do IEC já eram esperadas para este mês.
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