Após a possibilidade de haver um racha na base aliada do governador Jerônimo Rodrigues na disputa para a presidência da Assembleia Legislativa da Bahia, a situação foi contornada e houve a pacificação. A reeleição do presidente Adolfo Menezes era ponto pacífico, mas a negociação inicial que previa o deputado Rosemberg Pinto do PT para a 1ª presidência, passou a ser questionada com o senador Ângelo Coronel, já insatisfeito por ter sido preterido na provável chapa da base aliada que vai concorrer em 2026, pretendendo indicar seu filho para disputar o mesmo cargo.
Além da nítida intenção de Coronel de mostrar insatisfação por ter sido rifado do cargo de senador da chapa para 2026, havia também a questão da reeleição do presidente Adolfo Menezes que pode ser questionada na justiça. Ora, isto ocorrendo, assumiria o cargo o 1º vice-presidente que convocaria nova eleição, mas já estando no cargo interinamente haveria a possibilidade de Rosemberg disputar a presidência de forma definitiva, com o PSD perdendo uma posição importantíssima no perfil político do Estado.
Para evitar um conflito com o PSD, o deputado Rosemberg retirou sua candidatura num gesto de unidade, favorecendo a candidatura de Ivana Bastos, do próprio Partido Social Democrático (PSD), como parte de uma estratégia mais ampla, visando o fortalecimento do bloco liderado pelos partidos aliados na casa legislativa.
A pacificação, fruto de negociação entre os líderes partidários da base aliada, foi feita, mas subsiste um conflito latente no grupo e que tem como foco a insatisfação ostensiva do senador Ângelo Coronel com o fato de ter sido rifado da chapa aliada para 2026. Aliás, os últimos movimentos do senador tem sido não no sentido de viabilizar uma conciliação política, mas de demonstrar claramente sua insatisfação.
O governador Jerônimo Rodrigues, em negociação com o senador Otto Alencar, presidente do PSD, atuou fortemente no sentido de colocar a deputada Ivana Bastos no cargo de 1º vice-presidente para manter intacta a aliança e a posição do PSD e compensando o partido aliado que, em busca do consenso político, retirou a candidatura do prefeito de Ituaçu, Phellipe Brito (PSD), que iria disputar a presidência da União dos Municípios da Bahia (UPB) e declarou apoio ao prefeito de Andaraí, Wilson Cardoso (PSB).
Mas a escolha de Ivana Bastos foi também no sentido de rechaçar qualquer imposição e de não aceitar que o cargo fosse ocupado por Ângelo Filho, filho de Ângelo Coronel. Aliás, o governador, ao falar com a imprensa, mandou um recado direto ao senador Ângelo Coronel e disse, após afirmar que prevaleceu na eleição o interesse da Bahia: “Isso veio a acontecer e teremos uma Assembleia forte, autônoma, que não se curvou a interesse de nenhum político que queira fazer da Casa algo de interesse particular ou privado”.
A base aliada saiu inteira da disputa pela presidência da Assembleia Legislativa e foi uma vitória do grupo político que mantém seu poderio há quase 20 anos, por causa da manutenção da unidade. Mas os movimentos e as declarações recentes de Ângelo Coronel não parecem ser um movimento político de quem aceitou não ser candidato ao senado e busca pressionar por uma compensação maior. Parecem, sim, uma afirmação de que não aceitará ser rifado da chapa que vai concorrer às eleições majoritárias em 2026. Por enquanto, o cenário aponta para um racha na unidade. (EP- 03/02/2025)