As lideranças políticas e empresariais da Bahia, assim como a sociedade em geral, precisam se unir e se manifestar em prol da concretização de projetos fundamentais para o futuro da economia do estado. São projetos de infraestrutura sem os quais ficaremos fora das rotas de exportação que estão sendo estruturadas e que mobilizam a classe política e empresarial de outros estados, às vezes de forma contrária aos interesses baianos.
O primeiro deles refere-se à Fiol – Ferrovia Oeste-Leste, cujo traçado está sendo questionado junto ao Ministério dos Transportes pelo estado do Tocantins. O traçado ideal da Fiol, que impulsionará significativamente a economia baiana, é aquele que liga Ilhéus à cidade de Mara Rosa, em Goiás, onde se entroncará com a Fico – Ferrovia de Integração Centro-Oeste.
Esse traçado, que passa por Barreiras e Caetité, permitirá que a produção de grãos de Mato Grosso e Goiás seja escoada pelos portos baianos, especialmente pelo Porto Sul, em Ilhéus. Essa rota já está definida no Plano Nacional de Ferrovias, que será lançado em breve pelo governo federal, mas o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, e a bancada política do estado estão se mobilizando junto ao Ministério dos Transportes para fazer com que o ponto final da Fiol seja em Figueirópolis. Essa mudança seria extremamente prejudicial à Bahia, e todas as lideranças, independentemente de sua orientação política, bem como a bancada baiana no Congresso Nacional, precisam se mobilizar em prol da concretização do corredor ferroviário Bahia-Goiás.
Vale lembrar que outro problema da Fiol é que as obras no trecho Ilhéus-Caetité estão praticamente paralisadas, e a construção do Porto Sul sequer foi iniciada devido aos problemas financeiros da Bamin Mineração S.A., concessionária desse trecho da ferrovia. O grupo controlador da Bamin, a Eurasian Resources Group, não tem mais condições financeiras de dar continuidade ao projeto. Felizmente, as negociações para que a Vale assuma o controle da Bamin e viabilize a retomada do projeto e das obras da Fiol e do Porto Sul estão relativamente avançadas, com a participação do governo federal.
Quando a ferrovia Ilhéus-Mara Rosa estiver concluída, o corredor ferroviário Leste-Oeste estará pronto, mas a Bahia também precisa resolver a situação do corredor ferroviário Nordeste-Sudeste, garantindo que a renovação antecipada da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica, atualmente em negociação, inclua investimentos significativos no corredor ferroviário Minas-Bahia.
A empresa VLI, concessionária da FCA, já encaminhou à ANTT uma proposta aceitando a revitalização do trecho, mas é necessário que preveja investimentos substanciais tanto com os recursos da outorga quanto com a indenização a ser paga pela devolução de trechos da malha ferroviária baiana. Aliás, é ruim para uma grande empresa como a VLI operar uma linha ferroviária semi-degradada, prestes a entrar para o livro dos recordes como a única concessionária cujos trens trafegam por uma belíssima cidade histórica e por uma ponte inaugurada pelo imperador Pedro II em 1885.
O problema é que o estado de Minas Gerais já se mobiliza para garantir investimentos em seu trecho da ferrovia, com o objetivo de ampliar o volume de cargas destinadas aos portos do Espírito Santo. Ora, num primeiro momento, os recursos imediatos previstos na renovação só sustentam um desses investimentos, e eles precisam, necessariamente, ser alocados no trecho da Bahia. É urgente que líderes políticos e empresariais, especialmente a bancada baiana no Congresso Nacional, se mobilizem.
Essa mobilização também é indispensável para resolver rapidamente o imbróglio da Via Bahia e viabilizar o distrato imediato com essa empresa, permitindo que o estado acompanhe a nova concessão da Rota do Recôncavo, que inclui a BR-324 – a artéria principal do corpo econômico da Bahia – e a BR-116, cujo edital deve ser publicado no final deste ano.
O AUMENTO DA TAXA DE JUROS
Como era de se esperar, o Banco Central manteve a previsão da ata anterior e aumentou a taxa Selic em 1%, elevando-a para 13,25%. O aumento foi excessivo, afinal, a cotação do dólar voltou ao patamar anterior, como esta coluna previu, e o IPCA-15 de janeiro ficou em 0,11%, uma desaceleração significativa em relação a dezembro. A justificativa para um aumento tão elevado foi a inflação de alimentos, que realmente cresceu acima da média, mas representa apenas 20% do total da inflação, e seu crescimento é normal devido à sazonalidade do setor. Aumentar 1% por causa disso é um exagero. A necessidade de afirmação da ortodoxia do Banco Central e de Gabriel Galípolo está prejudicando a economia brasileira.
Publicado no jornal A Tarde em 30/01/2025