Pela primeira vez, docentes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), realizaram a crioablação, processo que utiliza o nitrogênio líquido para tratar o câncer de mama no estágio inicial. Este projeto é pioneiro na América Latina sobre tal técnica.
A crioablação é um procedimento minimamente invasivo que utiliza temperaturas extremamente baixas para congelar e destruir células cancerígenas ou tecidos-alvo. Durante o procedimento, três ciclos de dez minutos foram realizados, alternando entre congelar e descongelar o tumor mamário.
“Inserimos, por meio de uma agulha, o nitrogênio líquido a uma temperatura de cerca de -140º na região afetada, o que forma uma esfera de gelo, destruindo o tumor. A incisão deixada pela agulha é igual ou até menor à própria biópsia realizada pela paciente”, explica Afonso Nazário, professor da Escola Paulista de Medicina da Unifesp.
Segundo os estudos da Unifesp, este procedimento pode ser feito em um ambulatório, sem a necessidade de internar o paciente, utilizando somente uma anestesia local. Somado a isto, é uma técnica com alto grau de precisão, relativamente rápida e indolor. Países como, Estados Unidos, Japão e Itália, já a utilizam para tratar outros tipos de cancêr e problemas cardíacos, como a arritmia.
No Brasil, este processo já foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, porém não consta no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar, ANS, para tratar o cancêr de mama. Este método é utilizado somente em pacientes com tumores menores de 2,5cm e com indicação primária de cirurgia.
O procedimento tem caráter experimental e marca a continuidade da pesquisa de pós-doutorado de Vanessa Sanvido, docente da instituição, relacionada ao câncer de mama. “A primeira parte do estudo consistiu na realização da crioablação seguida de cirurgia. Essa etapa inicial, que contou com aproximadamente 60 casos, obteve uma eficácia de 100% para tumores menores do que 2cm. A fase atual do protocolo consiste na comparação de um grupo em que é feita a crioablação sem a necessidade de realização de uma operação com outro grupo em que é feita a cirurgia tradicional. Nessa fase, mais de 700 pacientes participarão da pesquisa, em 15 centros de saúde do estado de São Paulo”, explica Vanessa.