São raras as pessoas que não gostam de chocolate. Ao leite ou mais amargo, não dá para abrir mão dessa delícia, produzida a partir do cacau. Por isso, no Brasil, o Dia do Cacau e o Dia do Chocolate coincidem e são comemorados em 26 de março. O fruto, que teve sua origem na América Central, encontrou no solo brasileiro características ideais para uma produção de excelência em qualidade e sabor, principalmente no sul da Bahia e no norte do Espírito Santo. Já foi considerado sagrado pelos maias e astecas, que o chamavam de “alimento dos deuses” e usavam suas sementes como moeda de troca. E são elas a parte mais aproveitada na produção do chocolate. Ricas em flavonoides, compostos bioativos que atuam na prevenção de várias doenças, possuem propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antidepressivas.
“É o cacau in natura que tem um teor maior dessas substâncias e, durante o processamento, há uma certa perda de nutrientes. Por isso, deve-se optar pelo chocolate com 65%, 70% e 80% de cacau, pois, quando há uma menor concentração de cacau, o açúcar e a gordura passam a estar mais presentes, diminuindo os benefícios para a saúde”, explica o Prof. Dr. Durval Ribas Filho – médico nutrólogo, Fellow da The Obesity Society – TOS (USA), presidente da ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia) e docente da pós-graduação CNNUTRO.
Confira algumas curiosidades!
Do cacau ao chocolate
Esta magia acontece depois que as sementes do cacau são fermentadas, secadas, torradas, resfriadas e descascadas. Transformam-se em nibs de cacau, que são moídos, dão origem à massa ou liquor de cacau. Após a temperagem, o chocolate fica pré-cristalizado e no ponto para ser moldado como produto final.
Prove o cacau in natura
Do cacau não se desperdiça nada. A polpa branca, que envolve as sementes, é doce, refrescante e levemente ácida – pode ser consumida diretamente da fruta ou em sucos, sorvetes e geleias. Os nibs, pedacinhos das amêndoas torrados e triturado, sem adição de açúcar, são uma delícia para salpicar em iogurtes e frutas. A manteiga de cacau pode estar presente na culinária ou na produção de cosméticos. Já a casca da amêndoa vira um chá rico em antioxidantes e com leve efeito estimulante.
Melhora a saúde cerebral
O chocolate é rico em vitaminas, esteróis, fosfolipídios, alcaloides, polifenóis e flavonoides, que possuem efeitos antioxidantes, anti-hipertensivos, anti-inflamatórios, antiaterogênicos e antitrombóticos. Todas estas substânciasproporcionam uma grande sensação de bem-estar, contribui para a saúde cerebral, pode reduzir o estresse, aliviar dores e melhorar o fluxo arterial.
Efeitos estimulantes
Por conter teobromina, substância semelhante à cafeína, o consumo de cacau pode melhorar o humor e dar mais energia.
Qual tipo é o mais saudável?
Todos, se consumidos com moderação. A diferença está na concentração de cacau. Os amargos – a partir de 70% – são fontes de antioxidantes e fibras e contêm pouco ou nenhum leite, reduzindo a quantidade de gordura saturada, prejudicial à saúde. Também possuem menos açúcar e sódio.
O branco também é chocolate
Produzido a partir da manteiga de cacau, também é considerado chocolate. É mais calórico que os outros tipos. Não possui cafeína, mas oferece bastante energia.
Ruby ou “chocolate rosa” não tem corantes
Apesar da cor, não leva corantes. O tom rosado se deve às sementes, que adquirem essa tonalidade por conta das condições do cultivo, como umidade, temperatura e exposição ao sol. Não é muito fácil de ser encontrado e tem um preço mais elevado. É menos doce, possui 47,3% de cacau – semelhante ao meio amargo – e 36% de gordura – próximo ao chocolate branco. É rico em ácido cítrico, antioxidantes e fonte de vitaminas A e B.
Chocolate “democrático”
Veganos, pessoas com restrições, como diabéticos ou intolerantes à lactose, não precisam se provar do chocolate. Uma das alternativas são produzidos com extrato de soja, 100% vegetal, sem adição de lactose e com pouco sódio. Há também o “chocolate” de alfarroba, fruto de uma árvore nativa da costa do Mediterrâneo. Ele tem cor marrom-escura, semelhante ao chocolate, e sabor adocicado. Mas, do ponto de vista nutricional, não possui estimulantes como cafeína e teobromina.
Chocolate dieté zero?
Apesar das versões diet não possuírem açúcar na formulação, isso não significa, necessariamente, que tenham menor quantidade calórica, pois alguns desses produtos apresentam maior teor de gordura. É essencial conferir o teor energético e todos os ingredientes do produto.O ideal é sempre consumir chocolates com menor índice de gordura, açúcar e carboidratos.
Na dose certa
O ideal é cerca de 30 a 40 gramas por dia, de preferência chocolates com alto teor de cacau (a partir de 70%)., quantidade que contribuir para elevar a serotonina e, consequentemente, aumentar a sensação de bem-estar no organismo, reduzindo a ansiedade.
Chocolate também pode fazer mal
O maior risco está no consumo exagerado de uma só vez. A ingestão excessiva de gordura, açúcar e leite – base da maioria dos chocolates – pode prejudicar o funcionamento adequado do fígado e causar náuseas, refluxo, diarreia, dor de cabeça, dor no estômago e mal-estar por alguns dias. Uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes, aliada a uma boa hidratação, é fundamental após o consumo excessivo de chocolate. Além disso, o descontrole no consumo pode gerar dependência e levar a um quadro de compulsão alimentar.
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