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ACORDO MERCOSUL-UNIÃO EUROPEIA PROMETE IMPULSIONAR COMÉRCIO ENTRE BRASIL E ALEMANHA

Bruna Carvalho - 07/01/2025 10:31

O recém-anunciado acordo entre Mercosul e União Europeia promete transformar as relações comerciais, ampliando as oportunidades para Brasil e Alemanha em setores estratégicos como agronegócio, energias renováveis, descarbonização e digitalização. A assinatura oficial está prevista para o segundo semestre de 2025.

A diretora geral da Interprint do Brasil e conselheira da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Paraná (AHK Paraná), Lourdes Manzanares, destaca os potenciais benefícios para Brasil e Alemanha em áreas estratégicas como agronegócio, energias renováveis, descarbonização e digitalização.

“As expectativas estão altas, visto que o acordo representa uma oportunidade estratégica para aprofundar laços comerciais entre os blocos, criando o maior mercado de livre comércio do mundo, com cerca de 700 milhões de pessoas. Além disso, a iniciativa promoverá a redução de tarifas, alinhamento das normas, consolidará as metas para descarbonização e, também, facilitará os investimentos”, ressalta Lourdes.

O acordo tem como objetivo integrar economicamente os dois blocos e reduzir barreiras comerciais, ampliando as oportunidades para empresas e indústrias. Ele propõe equilíbrio tarifário em produtos agrícolas (carne, açúcar, café) e industriais (automóveis e máquinas), visando maior competitividade global e fluxo comercial.

Além disso, o tratado busca harmonizar normas e certificações, com foco em qualidade, especialmente para alimentos e produtos industriais. Entretanto, o Mercosul precisará adotar práticas mais sustentáveis, atendendo às exigências da União Europeia, como restrições ao uso de pesticidas e produtos geneticamente modificados. A resistência de países europeus, como França e Itália, reflete preocupações com a competitividade agrícola.

“Países como França e Itália apontam restrições para a assinatura do acordo, visto que suas economias estão baseadas na agricultura e temem a competição de preços com os países do Mercosul, principalmente o Brasil. Vejo uma grande necessidade de construirmos um alinhamento sólido sobre pesticidas e produtos geneticamente modificados, permitidos nos países da América do Sul, mas proibidos na Europa. Em todo caso, não podemos negar que a eliminação de barreiras tributárias, como a dupla tributação entre Brasil e Alemanha, será de grande proveito para empresários dos dois países”, reforça Lourdes.

Outro aspecto relevante é o incentivo à descarbonização, com estímulo ao uso de energias renováveis e tecnologias limpas. “Esse tema pode ser de grande proveito para Brasil e Alemanha. Nesse sentido, o país europeu, que é extremamente dependente de gás natural, já anunciou seu interesse na produção de hidrogênio renovável, e o Brasil tem um enorme potencial nesse campo. Inclusive, determinados estados, como o Paraná, já desenvolvem estudos de viabilidade e podem ser pioneiros na produção, tendo a possibilidade de exportar o produto ou a expertise para os alemães”, completa a conselheira.

O acordo também abrange serviços e investimentos, incentivando a abertura de mercados em setores como financeiro, telecomunicações e transporte. Ele protege a propriedade intelectual e valoriza as indicações geográficas, destacando produtos tradicionais europeus como vinhos e queijos.

“O acordo significa novos negócios para empresários brasileiros, que terão mais acesso ao mercado europeu para exportações, e novos investimentos entrando no país. Em contrapartida, a Alemanha também terá um mercado ampliado para sua indústria automobilística e maquinário, podendo recuperar a preferência dos brasileiros na hora de comprar carros. Mas, é preciso melhorar a infraestrutura do Brasil para maximizar os benefícios do tratado nas áreas de educação, portuária e urbana”, pontua Lourdes.

O intercâmbio de mão de obra capacitada é outra vantagem do tratado, atendendo a uma necessidade do mercado alemão. “A Alemanha enfrenta dificuldades de mão-de-obra capacitada em diversas áreas, como enfermagem e serviços, e o Brasil pode exportar essa expertise”, afirma Lourdes. Ela conclui reforçando que o acordo representa uma oportunidade estratégica para o Brasil reduzir sua dependência econômica dos Estados Unidos e da China.

Foto: Reprodução

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